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Inflação galopante e desvalorização da moeda a níveis recorde geram protestos no Irão

Débora Calheiros Lourenço 30 de dezembro de 2025 às 13:51

Em dezembro os preços dos alimentos subiram 72% e os de produtos de saúde e medicamentos 50%, em relação ao mesmo mês do ano passado.

O Irão está a viver os maiores protestos populares em três anos, depois de o rial iraniano atingir um valor mínimo em comparação com o dólar americano e de o presidente do Banco Central ter renunciado.  
Vídeo mostra protestos no Teerão após moeda iraniana desvalorizar em relação ao dólar americano
As manifestações já levaram o presidente Massoud Pezeshkian a pedir ao governo, esta terça-feira, que ouça as “reivindicações legítimas” dos manifestantes. “Pedi ao ministro do Interior [Eskandar Momeni] que ouça as reivindicações legítimas dos manifestantes, dialogando com os seus representantes, para que o Governo possa fazer todo o possível para resolver os problemas e agir de forma responsável", disse o presidente.  Na segunda-feira a televisão estatal anunciou a renúncia de Mohammad Reza Farzin enquanto comerciantes e lojistas se manifestavam na Rua Saadi, no centro de Teerão, e no bairro de Shush, perto do maior bazar da cidade.   A agência de notícias iraniana IRNA confirmou os protestos e relatou manifestações semelhantes em outras grandes cidades, como Isfahan, Shiraz e Mashhad. Em alguns pontos a polícia chegou a utilizar gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.   Segundo o que testemunhas locais disseram à Associated Press, os comerciantes mantiveram as suas lojas fechadas na segunda-feira e pediram aos restantes que também os fizessem. Já no domingo os protestos tinham começado em dois mercados de Teerão, onde os manifestantes entoaram slogans antigovernamentais.   Os comerciantes locais são conhecidos pelo seu poder de protesto uma vez que desempenharam um papel crucial na Revolução Islâmica de 1979, responsável por depor a monarquia e que levou os islamitas a assumirem o poder.  No domingo o rial iraniano chegou ao 1,42 milhão por dólares e durante a semana passada começaram a circular rumores sobre uma possível renúncia por parte de Mohammad Reza Farzin, especialmente tendo em conta que, quando assumiu o cargo, o rial estava cotado a cerca de 430 mil por dólar.  A rápida desvalorização está a agravar a pressão inflacionista e, com o aumento do preço dos alimentos e outros bens de primeira necessidade, aumenta a pressão sobre os orçamentos familiares. Segundo o instituto nacional de estatísticas do país, a taxa de inflação em dezembro acendeu para 42,2%, com os preços dos alimentos a subirem 72% e os de produtos de saúde e medicamentos 50% em relação a dezembro do ano passado.  Os protestos de segunda-feira foram os maiores desde 2022, quando Mahsa Jina Amini morreu sob custódia policial depois de ser presa por não utilizar o hijab segundo as normas da .  
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