Secções
Entrar

Finlândia, Suécia e Polónia apostam no nuclear face ao apagão alemão

Lusa 15 de abril de 2023 às 15:45

Este sábado a Alemanha desligou três reatores ainda ativos e despediu-se assim da energia nuclear.

A Alemanha despede-se este sábado da energia nuclear, desligando os três reatores ainda ativos, mas países como a Finlândia, Suécia e Polónia redobraram o compromisso com esta tecnologia, sob o pano de fundo da crise energética e guerra na Ucrânia.

REUTERS/Nadja Wohlleben

A Finlândia foi o primeiro país da União Europeia (UE) a aumentar a sua capacidade de geração de energia atómica após o acidente nuclear de Chernobyl (Ucrânia), a fim de reduzir a sua dependência energética da Rússia e de reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2).

Atualmente, possui cinco reatores nucleares com potência máxima combinada de 4.394 megawatts elétricos (MWe), que geram cerca de 40% da eletricidade consumida.

Quatro deles foram construídos na década de 1970 e o quinto, Olkiluoto 3, começou a produzir em plena capacidade na passada segunda-feira, tornando-se o mais potente da Europa, com os seus 1.600 MWe.

Este reator, cujas obras se iniciaram em 2005, tornou-se num pesadelo para o consórcio empreiteiro Areva-Siemens, que terminou a sua construção com 13 anos de atraso e um custo final estimado em cerca de 11.000 milhões de euros, quase quatro vezes mais do que o orçamentado.

A Finlândia autorizou em 2010 a construção de um sexto reator nuclear de alta potência que iria ser gerido pelo consórcio finlandês Fennovoima e a companhia estatal russa Rosatom, mas o projeto foi cancelado no ano passado após a invasão da Ucrânia, devido aos riscos da construção de uma central nuclear com tecnologia e participação russas.

Na Suécia, o Governo de direita presidido pelo conservador Ulf Kristersson inverteu a política nuclear deste país nórdico, apostando pela primeira vez em décadas na construção de novos reatores, e apresentou ao parlamento, onde tem a maioria graças ao apoio da extrema direita, um projeto de lei que viabiliza esta medida.

Esta reforma visa resolver os problemas de abastecimento de eletricidade e garantir preços mais acessíveis e foi possível graças à mudança de opinião do Partido Conservador, que há apenas sete anos assinou um acordo para abolir a energia nuclear em 2040 e apostar nas renováveis.

O parlamento sueco tinha aprovado em 2010 o fim da moratória nuclear, embora tenha sido acordado que o número total de reatores não poderia exceder os 10 então ativos.

Pelo contrário, a nova lei determina que não haverá limitação no número ou localização dos novos reatores, que o Governo espera começar a construir o mais tardar em 2026.

A Suécia conta atualmente com três centrais e seis reatores ativos e a energia nuclear cobre cerca de 30% da produção de eletricidade do país.

Em 2021, também o governo polaco anunciou a intenção de construir seis centrais nucleares no país, que atualmente não possui nenhum reator em operação, para garantir que, até ao final de 2040, 23% da sua energia provenha desta fonte.

Atualmente, 70% da sua matriz energética, que necessita de cerca de 33 Gigawatts (GW) por ano, depende do carvão, que é altamente poluente.

A primeira das centrais será construída na região da Pomerânia (norte) e terá um reator tipo AP1000, da empresa americana Westinghouse, prevendo-se que forneça pelo menos 3,75 (GW) por ano, enquanto a segunda central será construída com a colaboração da empresa sul-coreana Hyundai, obtendo-se a partir dela seis a nove GW.

Os planos do Governo da Polónia - que, segundo as sondagens, contam com o apoio de 75% dos polacos - preveem que ambas as centrais estarão operacionais em 2033.

Para o ultraconservador Governo polaco, que durante anos favoreceu e subsidiou o setor mineiro, a opção nuclear é uma das mais práticas para ter uma fonte "limpa" que permite cumprir as exigências de Bruxelas e se aproximar da independência energética.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela