EUA fecham consulados na Rússia após "vasto ciberataque"
Um consulado norte-americano foi fechado e outro suspenderá atividades. EUA descobriu o ataque, que terá sido lançado em março, com o objetivo de "entrar nos sistemas do governo norte-americano". Rússia desmente.
Os Estados Unidos vão fechar e suspender trabalhos em dois consulados na Rússia, avançou este sábado o Departamento de Estado norte-americano, após questões de segurança e suspeitas de ciberataques russos.
Assim, os EUA vão fechar o consulado de Vladivostok, no extremo Oriente russo, e suspenderá as atividades em Ecaterimburgo, anunciou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, em comunicado enviado à Reuters.
A decisão faz parte dos "esforços para assegurar a segurança das operações da missão diplomática dos EUA na Rússia", refere o comunicado, e não afeta os consulados russos nos Estados Unidos. Donald Trump permanece em silêncio sobre o caso.
Assim, a embaixada em Moscovo será a única representação diplomática dos Estados Unidos na Rússia.
O fecho de consulados, refere a CNN, acontece "em resposta aos problemas contínuos de pessoal na missão dos EUA na Rússia, na sequência da imposição pela Rússia de um limite à missão dos EUA em 2017 e do consequente impasse com a Rússia em relação aos vistos diplomáticos".
Dez diplomatas norte-americanos destacados para os consulados serão transferidos para a Embaixada dos Estados Unidos em Moscovo, enquanto 33 funcionários locais perderão os empregos, de acordo com o canal.
A Rússia tinha encerrado o consulado dos Estados Unidos em São Petersburgo em março de 2018 depois de medidas idênticas terem sido tomadas por Washington em relação ao caso do antigo espião russo Sergei Skripal, que foi envenenado no Reino Unido.
Esta sexta-feira, Mike Pompeo declarou que a Rússia estava, muito provavelmente, por trás do vasto ciberataque que atingiu os Estados Unidos, uma acusação já desmentida pelo Governo russo.
"Foi uma operação muito importante e penso que podemos agora dizer, com bastante clareza, que foram os russos que empreenderam esta atividade", disse Mike Pompeo, no programa do comentador político Mark Levin, The Mark Levin Show.
A Rússia desmentiu firmemente estar implicada neste caso, afirmando que o país "não realizou operações ofensivas no ciberespaço", declarou a embaixada russa em Washington.
Pompeo denunciou uma operação de grande envergadura que consistiu, nomeadamente, em "entrar nos sistemas do Governo norte-americano". Só na semana passada, o Governo norte-americano descobriu este ataque, lançado a partir de março.
A dimensão do ciberataque tem vindo a aumentar à medida que são identificadas novas vítimas, também fora dos Estados Unidos.
Na quinta-feira, a Microsoft indicou ter sido informada que mais de 40 clientes detetaram o programa usado pelos piratas informáticos e que permitia aceder sem quaisquer entraves às redes das vítimas.
"Cerca de 80% dos nossos clientes encontram-se nos Estados Unidos, mas também conseguimos identificar, até agora, vítimas em vários outros países", declarou o presidente da Microsoft, Brad Smith, no blogue do gigante informático. Os países em causa são Canadá, México, Bélgica, Espanha, Reino Unido, Israel e Emiratos Árabes Unidos.
"O número de vítimas e de países atingidos vão continuar a aumentar, é certo", criando este ataque "uma vulnerabilidade tecnológica grave para os Estados Unidos e para o mundo", advertiu Brad Smith. "Não se trata de espionagem normal, mesmo na era digital", disse.
À cadeia de televisão Fox News, o presidente da comissão de Informações do Senado, o republicano Marco Rubio, disse na sexta-feira que este "é um grande ataque", provavelmente "ainda em curso" e "sem precedentes".
O diretor executivo da equipa de transição de Joe Biden, Yohannes Abraham, disse que o ataque era uma fonte de "grande preocupação" e que, sob a administração Biden, os ciberataques iriam encontrar uma reação que infligiria um "custo substancial".
A Rússia negou qualquer envolvimento no ataque cibernético.
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