Dos palácios sírios à opulência russa, a nova vida da família Assad
Obrigados a fugir da Síria após a tomada de poder por forças rebeldes, a família de Bashar al-Assad encontrou um novo santuário na Rússia, após o presidente Putin lhes ter concedido asilo, e luxos não faltarão.
Segunda-feira, Dmitry Peskov, o porta-voz do Kremlin anunciou que Putin terá aprovado o exílio de Assad, confirmando a presença da família na Rússia. "É claro que tais decisões não podem ser tomadas sem a aprovação do chefe de estado. A decisão é dele (Putin)", afirmou, dizendo ainda que o presidente não planeava encontrar-se com o antigo líder sírio. No entanto, recusou-se a comentar o paradeiro da família, que poderá incluir uma das suas variadas propriedades luxuosas no país.
Durante anos, a família Assad manteve uma vida faustosa na Síria, a sua riqueza, que tem sido gerida através de várias contas offshore, foi estimada acima de 2 mil milhões de euros, pelos EUA. A fortuna inclui artigos de coleção raros e casas luxuosas, incluindo propriedades em Londres e Moscovo. A família, constituída por Bashar, a mulher Asma e os três filhos, Zein, Hafez e Karimé, é atualmente proprietária de 18 apartamentos de luxo em Moscovo, num dos edifícios mais altos da Europa, que tem como vizinhos oligarcas russos.
Após o casamento de Bashar e Asma em 2000, ela rapidamente se adaptou à vida de luxo, inclusive, durante o governo do marido terá gastado centenas de milhares de dólares em roupas e acessórios de marca, mobiliário e decoração de casa. Comprava sapatos cobertos de cristais no valor de 7 mil dólares e gastava cerca de 350 mil dólares apenas para a decoração dos seus palácios.
Este estilo de vida extravagante manteve-se mesmo quando a Síria mergulhou numa violenta guerra civil que dizimou grande parte da infraestrutura e economia do país. Apesar das dificuldades e da opressão sentida pelo povo sírio, que resultou em 14 milhões de deslocados, a família Assad continuou a viver na opulência.
Após a fuga da família, o palácio residencial foi invadido por rebeldes que destruíram e roubaram artefactos deixados para trás. Também foi encontrada uma garagem com filas de carros de luxo, incluindo Ferraris, Lamborghinis, Cadillacs antigos, Bentleys e Rolls Royce.
De acordo com o Telegraph, investigações realizadas à fortuna da família atribuem grande parte à transformação da Síria num narco-estado, através da produção em massa de Captagon, uma droga que contém fenetinila e é extremamente viciante e popular em festas no Médio Oriente.
Além das ligações políticas e imobiliárias, a família Assad tem laços mais profundos com a Rússia. O filho mais velho do casal, Hafez, depois de completar os seus estudos universitários na Síria, mudou-se para Moscovo, onde completou um doutoramento da Universidade Estatal de Moscovo de física e matemática, inteiramente em russo.
Esta mudança para a Rússia ocorre após um período de forte apoio militar e financeiro por parte do Kremlin ao regime de Assad durante a guerra civil. No entanto, a queda do regime de Bashar al-Assad e a sua saída da Síria representa uma perda de influência russa e iraniana na região, sobretudo tendo em conta a importância estratégica das bases militares russas. O Kremlin tem manifestado a sua preocupação quanto ao futuro das instalações militares e com a instabilidade política que se poderá instalar.
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