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Com Macron humilhado, o Parlamento Europeu guina à direita

João Carlos Barradas 09 de junho de 2024 às 22:48

Ordem dos partidos mantém-se inalterada, mas extrema-direita e direita radical saem reforçados. Resultados já levaram a eleições antecipadas em França.

O Partido Popular Europeu (PPE) continua a ter a maior representação no Parlamento Europeu (PE), seguindo-se os socialistas e os liberais, mas são as forças de extrema-direita e direita radical a registar os maiores ganhos, segundo as primeiras projeções.

REUTERS/Piroschka van de Wouw

Nos três países com mais eurodeputados – Alemanha, 93, França, 81, Itália, 75 – a extrema-direita e a direita radical registaram fortes ganhos e as negociações entre os governos de Berlim, Paris e Roma irão, efetivamente, condicionar as decisões sobre a repartição de cargos na Comissão Europeia.

A confirmarem-se 181 mandatos para o grupo que integra o PSD e CDS, 135 para os socialistas e 82 para os liberais, a recandidatura de Ursula von der Leyen à presidência da Comissão pelo PPE dependerá de negociações entre diversas forças parlamentares, incluindo partidos de direita radical para conseguir a maioria entre os 720 eurodeputados.

Os Conservadores e Reformistas podem vir a ter 71 eleitos e a Identidade e Democracia 62 deputados. Serão o quarto e quinto maiores grupos, representando a extrema-direita e a direita radical, seguindo-se os Verdes, 53 mandatos, e a Esquerda, 34 deputados, ficando 102 eurodeputados como independentes.

Eixo Paris-Bona estraçalhado


A Convergência Nacional (RN) liderada por Jordan Bardella venceu com 32% em França e o presidente Emmanuel Macron viu-se obrigado aconvocar eleições legislativas antecipadas. Os franceses irão eleger uma nova Assembleia Nacional a 30 deste mês, com segunda volta a 7 de julho, mantendo-se as presidenciais para 2027 a que concorrerá pela quarta vez Marine Le Pen.

O partido governamental Renascimento (R), de Macron, quedou-se nos 15% e a lista do Partido Socialista-Praça Pública nos 14%.

Na Alemanha, a extrema-direita congregada na Aliança pela Alemanha (AfD) aumentou a sua votação de 11% para 17% em relação às eleições de 2019, sendo o segundo partido mais votado a seguir aos conservadores da CDU-CSU com 30% (29% há cinco anos). Trata-se do melhor resultado eleitoral da AfD desde a sua criação em 2013.

Na coligação governamental de Olaf Scholz, os sociais-democratas caíram de 16% para 14%, os Verdes de 21% para 12% e os liberais ficaram-se em 5%.

Giorgia Meloni e os seus Irmãos de Itália são os vencedores em Itália (76 eurodeputados) com as primeiras sondagens a apontarem para 26% a 30%, variando entre 8% e 11% as projeções para cada um dos seus parceiros de governo, Liga Salvini e Força Itália. Na oposição, as sondagens divulgadas, às 22h horas de Lisboa, dão entre 21% a 25% ao Partido Democrático, de esquerda, e 10% a 14% ao Movimento 5 Estrelas.

Em Espanha (61 mandatos) as sondagens dão ao Partido Popular 32%, superando o PSOE, 30% e o VOX, extrema-direita, 10%.

Na Polónia (53 eurodeputados) a Coligação Cívica de Donald Tusk chegou aos 38% e bateu o Lei e Justiça, 34%, que ficaria à frente da Confederação, extrema-direita, 12%.

A Finlândia (15 eurodeputados) é um dos estados em que a extrema-direita recua, caindo o Partido dos Finlandeses para 7,5%, em comparação com 13,5% de 2019, vencido pela Coligação Nacional do primeiro-ministro conservador Petteri Orpo, 24%, e a Aliança da Esquerda, 17%.

Na Áustria (20 mandatos), contudo, a extrema-direita do Partido da Liberdade liderada por Harald Vilimsky tem 27%, os democratas-cristãos de Reinhold Lopatka somam 24% e os social-democratas de Andreas Schieder 23%.

Na Hungria (21 eurodeputados) o Fidesz, de Viktor Órban terá 44%, surgindo um dissidente do partido governamental, Péter Magyar, como líder da oposição com 32% para o Tisza.

O chefe do governo belga, Alexander De Croo, anunciou a demissão ao perder as eleições federais em que a Nova Aliança Flamenga teve 22% dos votos, o Vlaams Belang, de extrema-direita, 18%, e os socialistas flamengos do Vooruit, 11%. Os liberais do Movimento Reformador venceram na Valónia francesa, 33%, e em Bruxelas, 22%, aguardando-se ainda a distribuição dos 22 eurodeputados belgas.

A aliança de social-democratas e verdes triunfa nos Países Baixos (31 mandatos), com 22%, batendo a direita radical do Partido para a Liberdade de Geert Wilders, 17,7%.

Já na Suécia (21 mandatos tal como Portugal) a extrema-direita, Democratas Suecos, fica nos 14% atrás dos Verdes, 16%, enquanto os social-democratas de Magdalena Andersson com 23%, superaram o Partido Moderado do primeiro-ministro Ulf Kristersson.

Na Dinamarca, 15 mandatos, a Esquerda Verde, liderada por Kira Marie Peter-Hansen, conseguiu 18%, mais 3% do que os social-democratas da primeira-ministra Mette Frederiksen. Os conservadores de Venstre tiveram 14% e duas formações de extrema-direita, Partido Popular Dinamarquês e Democratas de Dinamarca, somam cada um entre 7% a 6%.

Na Roménia, que elege 33 eurodeputados, a lista conjunta da aliança governamental de social-democratas e liberais conseguiu 54%, batendo a extrema-direita do AUR, 14 %, e o centro-direita, ADU, 11%, segundo as sondagens.

Os conservadores do Smer-SD do primeiro-ministro Robert Fico foram derrotados na Eslováquia (15 mandatos) ao quedar-se pelos 25% contra os 28% da Eslováquia Progressista, tendo a Republika, extrema-direita, conseguido 13%.

Na Grécia, 21 mandatos, a Nova Democracia do primeiro-ministro conservador Kyriakos Mitsotakis terá 29%, a esquerda radical Syriza 15% e os socialistas do PASOK 13%. A extrema-direita Solução Grega chega aos 10% à frente dos comunistas com 9%.

Na Bulgária, 17 mandatos, as sextas eleições legislativas em três anos e as europeias, saldaram-se pelo triunfo dos liberais-conservadores dos Cidadãos para o Desenvolvimento da Bulgária do primeiro-ministro Boyko Borissov com 27%.

Na Croácia, 12 eurodeputados, a União Democrática do primeiro-ministro conservador Andrei Plenkovic teve 33,7% contra 28% dos social-democratas.

A participação eleitoral foi de 51%, sensivelmente igual à de 2019 (50,7%) quando foi contrariada pela primeira vez a tendência de aumento contínuo da abstenção. A participação passou de 62% em 1979 a 42,6% em 2014.

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