Secções
Entrar

China não vai recuar na guerra das tarifas. Quem sairá vencedor?

Débora Calheiros Lourenço 08 de abril de 2025 às 20:17

Depois do anúncio de retaliação por parte da China Trump contra-atacou com uma tarifa adicional de 50% aos produtos chineses. Com as tarifas adicionais grande parte dos produtos chineses podem passar a enfrentar impostos de 104%.  

A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo não mostra sinais de abrandamento e Pequim prometeu "lutar até ao fim" depois de o presidente dos Estado Unidos, Donald Trump,anunciar mais tarifas sobre a China.  

REUTERS/Kevin Lamarque/File Photo

Tudo começou depois de Donald Trump ter anunciado tarifas "recíprocas" que os Estados Unidos começam a aplicar aos produtos importados de diversos países na quarta-feira, no caso da China estas tarifas foram anunciadas, numa primeira fase, de 34%.

Em resposta, a China anunciou tarifas de 34% sob todas as importações dos Estados Unidos a partir de dia 10 de abril, além disso avançou que iria controlar as exportações de metais raros e lançar uma investigação anti-monopólio contra empresas americanas.  

Trump contra-atacou com o anúncio, esta semana, que a Casa Branca vai impor uma tarifa adicional de 50% aos produtos chineses se Pequim não retirar as tarifas que anunciou. Com as tarifas adicionais grande parte dos produtos chineses podem passar a enfrentar impostos de 104%.  

Smartphones, computadores, baterias de lítio, brinquedos e outros produtos de tecnologia são as principais exportações chinesas para os Estados Unidos, no entanto muitos outros produtos podem sofrer o impacto das tarifas, como parafusos ou caldeiras.

Washington avançou que as tarifas adicionais vão ser introduzidas já na quarta-feira e apesar de nenhum dos países parecer interessado em alterar as suas posições, a questão que se mantém é quem será o primeiro a recuar? 

Alfredo Montufar-Helu, consultor do China Center no think tank The Conference Board, acredita que "seria um erro pensar que a China vai recuar e remover as tarifas unilateralmente". "Isso não só faria a China parecer fraca, mas também daria vantagens aos Estados Unidos para exigir mais. Agora chegámos a um impasse que provavelmente levará a uma dor económica de longo prazo". 

"O que estamos a ver é um jogo para saber quem é que consegue suportar mais a dor. Já não estamos a falar sobre qualquer ganho", defendeu Mary Lovely, especialista em comércio entre os Estados Unidos e a China no Peterson Institute em Washington DC, à BBC. Apesar da desaceleração da economia chinesa, o governo de Pequim pode "esta disposto a suportar a dor para evitar render-se ao que acredita ser uma agressão dos EUA". 

Os mercados globais estão em queda desde a semana passada, altura em que as tarifas de Trump entraram em vigor. Os mercados financeiros asiáticos tiveram a sua pior queda na segunda-feira depois do anúncio das tarifas adicionais, mas conseguiram uma ligeira melhoria esta terça-feira.  

Vários especialistas têm partilhado as suas preocupações relativas às volatilidades dos mercados que estão a deixar os governos, empresas e investidores com pouco tempo para se ajustarem.  

No caso específico da China, além de preparar tarifas retaliatórias, o país parece estar a preparar medidas mais agressivas. Exemplo disso é que permitiu que a sua moeda, o yuan, enfraquecesse de forma a tornar as exportações chinesas mais atraentes para os restantes países e empresas estatais têm comprado ações no que tem sido considerado como um movimento para estabilizar o mercado.   

As exportações têm sido consideradas um fator-chave no crescimento explosivo da China verificado nas últimas décadas e continuam a ter um poder impulsionador significativo, apesar da tentativa do país em diversificar a sua economia, pelo que se as exportações forem afetadas o fluxo de receita deverá diminuir bastante. 

Mas não é só a China que deve estar preocupada com os impactos das tarifas nas suas exportações. De acordo com o gabinete do Representante Comercial dos EUA, os norte-americanos importaram 438 mil milhões de dólares (399 mil milhões de euros) da China em 2024. As exportações dos Estados Unidos para a China estão avaliadas em 143 mil milhões de dólares (130 mil milhões de euros).  

Outra das questões deixadas por esta guerra comercial é como é que os Estados Unidos vão encontrar alternativas de fornecimento para os produtos chineses, especialmente tendo em conta as necessidades imediatas e que também foram emitidas tarifas para muitos outros países que poderiam ajudar a suprir essas necessidades.  

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela