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Campanha de desinformação russa: propaganda com IA está a colocar em questão “vulnerabilidade democrata”
Centenas de perfis falsos partilham vídeos falsos de jovens ucranianos a queixarem-se da “mobilização forçada" de forma a enfraquecer o apoio ao lado ucraniano
“Ajudem-me, não quero morrer, só tenho 23 anos.” É o que diz um soldado ucraniano a ser mobilizado à força para as linhas da frente da guerra que já dura há três anos. No entanto, não é mesmo um soldado, é um deepfake, um vídeo totalmente falso criado por Inteligência Artificial (IA) pelo Kremlin.
Estratégia das operações de desinformação russas
Quanto à campanha em questão, Diogo Alexandre Carapinha refere que “tecnicamente tem falhas, e é normal”, nomeadamente, a marca de água do Sora, um programa de inteligência artificial de criação de vídeos, ou o facto da idade para cumprir o serviço militar na Ucrânia ter baixado para os 25, mas nos vídeos os supostos soldados dizem que têm 23 anos, demonstrando uma “realidade que não existe”. Ainda, de acordo com o analista, que cita o Centro Ucraniano para o Controlo de Desinformação, ou CCD (sigla em inglês), uma das caras mostradas num dos vídeos mais partilhados é de um cidadão russo. Para entender o impacto deste tipo de campanhas é importante recorrer a estatísticas. Desde o início de 2025, o CCD já registou 191 operações russas envolvendo conteúdo gerado pela IA com um alcance de pelo menos 84,5 milhões de visualizações. Segundo o especialista, “o objetivo é manipular os sentimentos das pessoas”. Estes vídeos que têm a capacidade de “fabricar emoção com uma precisão cirúrgica muito avançada” têm como objetivo atingir três públicos alvos. Em primeiro lugar a população ucraniana, “minar a confiança no Estado e transparência e o nível de autoestima”. Depois a diáspora ucraniana para “criar perceções erráticas, de injustiça, pânico e revolta” e por fim, “o público internacional para fragilizar o apoio político à Ucrânia”. Ao criar vídeos de jovens de vinte e poucos anos a serem obrigados a ir para as linhas da frente, enquanto a idade mínima é 25 anos, pretende-se criar a perceção de que o governo “está a fazer algo de mal”. Para que o conteúdo chegue ao máximo de pessoas possível, as entidades russas podem recorrer à “falsificação de sites onde a landing page é igual e é replicada com informação distorcida” ou também podem optar por “contratar ou criar influencers para divulgar a informação”, há ainda uma manipulação “da otimização do SEO, ou dos motores de busca”. Por fim, podem aproveitar “a anarquia que se usa em plataformas como o Telegram, o X e o TikTok”.Campanhas de desinformação como agente desafiante da democracia
No entanto, o especialista explica que esta campanha faz parte “de uma campanha específica de uma estratégia muito, muito longa e extensa com muitas partes” que serve para “descredibilizar e criar dúvida, que junta o ciberespaço e a forma como se controlam as emoções”. Com estas operações entra-se “num outro nível de estratégia face ao contexto [da guerra] em questão". "A Ucrânia está enfraquecida, a precisar de uma resposta e não está a aguentar o esforço da guerra física plena" e a guerra eletrónica "desgasta” ainda mais os esforços ucranianos, refere o especialista. “Entramos numa nova etapa da guerra híbrida, ao nível da guerra da informação” com uma nova faceta “a entrada da IA, a capacidade de produzir propaganda visual”. Os Estados ganharam a capacidade de criar “operações mais rápidas, baratas e difíceis de detetar em tempo útil” colocando em questão a “vulnerabilidade democrata”. Passa a existir também um outro desafio relativo à “velocidade de conteúdo falso” que é mais rápido do que “a velocidade de verificação que demora horas ou dias” e tem alcances mais limitados. “A nível do contexto do uso da IA pode assinalar-se que neste momento é uma arma de desgaste político” onde a mensagem transmitida não pretende esclarecer se o conteúdo é verdadeiro ou falso, pretende “criar dúvida, confusão e a consequência é o cansaço cognitivo e o desgaste político”. “A linha entre a guerra psicológica e a influência política está cada vez mais a desaparecer”, enfatiza. Na sua opinião a resposta para combater o impacto deste tipo de propaganda gerado pelo uso da IA “não pode ser exclusivamente tecnológica, a resposta é mais política, as plataformas de IA e redes sociais têm um grande papel mas o que está em causa é a governação da informação”. É necessário haver uma “cooperação internacional para combater” a expansão deste tipo de utilização da IA sem comprometer a inovação e que se “responsabilize o uso da IA não só em ambientes informacionais mas para salvaguardar as democracias”.Artigos Relacionados
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