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Argentina retira-se da OMS e acusa organização de cometer crimes "aberrantes" contra a humanidade

Lusa 05 de fevereiro de 2025 às 19:45

A subsecção 7.k do Estatuto de Roma, citada por Javier Milei, qualifica como crimes contra a humanidade "os atos desumanos que causem intencionalmente grande sofrimento ou danos graves ao corpo ou à saúde mental ou física".

O Presidente argentino defendeu esta quarta-feira a decisão de se retirar da Organização Mundial de Saúde (OMS), que acusou de cometer "um dos crimes contra a humanidade mais aberrantes da história", referindo-se à gestão da pandemia de covid-19.

"Nunca esqueceremos que eles foram os ideólogos da quarentena cavernosa que implicou, de acordo com o Estatuto de Roma de 1998, cometer, em cumplicidade com todos os Estados que tomaram as suas diretivas, um dos crimes contra a humanidade mais aberrantes da história", afirmou o Presidente argentino na rede social X.

A subsecção 7.k do Estatuto de Roma, citada por Javier Milei, qualifica como crimes contra a humanidade "os atos desumanos que causem intencionalmente grande sofrimento ou danos graves ao corpo ou à saúde mental ou física".

"Foi por isso que decidimos abandonar um organismo tão nefasto, que foi o braço executor daquela que foi a maior experiência de controlo social da história", acrescentou Milei.

A mensagem do Presidente argentino surge pouco depois de o seu porta-voz, Manuel Adorni, ter anunciado numa conferência de imprensa que o país sul-americano se retiraria da OMS, devido a "divergências profundas" com a organização na gestão da pandemia de covid-19.

"Nós, argentinos, não vamos permitir que uma organização internacional intervenha na nossa soberania e muito menos na nossa saúde", disse Adorni.

O porta-voz argentino esclareceu também que o país sul-americano não beneficia de financiamento da OMS para a gestão da saúde, "pelo que esta medida não representa uma perda de fundos para o país e não afetará a qualidade dos serviços", acrescentou.

Segundo Adorni, a Argentina responsabiliza a agência da ONU e o anterior Governo, liderado por Alberto Fernández (2019-2023), pelo "confinamento mais longo da história da humanidade", e acusou a OMS de se deixar contagiar pela "influência política de alguns Estados".

O gabinete do Presidente publicou momentos depois uma declaração na qual assegura que "atualmente, as provas indicam que as receitas da OMS não funcionam, pois são o resultado de influência política e não se baseiam na ciência" e instou "a comunidade internacional a repensar a razão de ser das organizações supranacionais".

O Governo sublinhou ainda que a organização "falhou no seu maior teste" pois "promoveu quarentenas eternas sem apoio científico quando se tratou de combater a pandemia".

A decisão da Argentina surge duas semanas após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter assinado uma ordem executiva para retomar o processo de retirada do Estados Unidos da América (EUA) da OMS, argumentando que o seu país contribuía com muito mais recursos para a agência do que a China.

Durante o seu primeiro mandato presidencial, em 2020, Donald Trump já tinha tentado retirar o país da organização, que acusou de "má gestão" e de ser "controlada pela China". No entanto, o sucessor, o democrata Joe Biden, cancelou a retirada antes de esta entrar em vigor, uma vez que era obrigatório um período de um ano entre o anúncio e a retirada efetiva.

Dois dias depois de ter tomado posse para um segundo mandato, no passado dia 20 de janeiro, Trump retomou o processo de retirar os EUA da OMS, justificando-o com a discrepância entre as contribuições financeiras norte-americanas e chinesas e acusou a OMS de "roubar" os EUA, o principal doador desta agência da ONU, que representa mais de 16% do orçamento da organização.

REUTERS/Agustin Marcarian
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