Já sabemos que, em Portugal, temos uma das melhores relações preço-qualidade no que a vinhos diz respeito: é verdade que, abaixo da marca dos €10 (às vezes, até dos €5), não nos vamos cruzar com nenhuma maravilha da enologia mas podemos muito bem encontrar referências de respeito a fazer frente a muitos vinhos lá de fora que cust am várias vezes o seu preço.
O que estamos a pagar, então, quando pagamos mais por uma garrafa de vinhos? Não é o estágio ou a madeira, que já vem surgindo em entradas de gama, mas a harmonização dessa madeira no vinho; não é a fruta, a acidez ou os aromas, e sim a vivacidade da fruta, o equilíbrio da acidez e a exuberância dos aromas. Em suma: é pela elegância que pagamos, porque é ela a mais difícil de encontrar em vinhos mais baratos.
É por isso que, quando descobrimos um vinho com elegância a preço de entrada de gama, há que estimar e valorizar essa descoberta. Para nós, esse vinho foi o Casaleiro Reserva Tinto, uma referência de grandes superfícies com esplêndido desempenho para a sua faixa de preço – €6 de P.V.P. - mas frequentemente encontrado por bastante menos do que isso.
A primeira característica que salta à vista é o ano de colheita. Encontramos, nas montras do supermercado, garrafas de 2017 e 2018, idade incomum para um tinto de consumo casual, mesmo na gama reserva, que poderia denunciar um tinto pesado, austero, farto em madeira e concebido para acompanhar grandes carnes e gorduras fartas.
Eis senão que o seu perfil se revela o completo oposto: composto de Syrah (40%), Touriga Nacional (30%) e Castelão (30%), este tinto do Tejo de cor granada translúcida é suave e esbelto ao palato, com acidez equilibrada e sedutoras notas de frutos vermelhos e especiarias, além do elegante fumo da madeira.
Ao contrário do seu companheiro mais jovem, o Casaleiro Colheita Seleccionada, a idade acrescida dá-lhe alguma maturidade, arredondando os taninos e conferindo-lhe um perfil agradavelmente textural. Certifique-se apenas de deixá-lo respirar por uns minutos para apreciar todo o seu potencial: removida a rolha, verta todo o vinho para um recipiente, como um jarro ou decantador, como se deve fazer com todos os vinhos com um pouco mais de idade.
Não será, certamente, o vinho mais complexo ou aromaticamente completo no mercado, e terá dificuldades em fazer frente a pratos mais estruturados. Mas, para o que é - um tinto simples mas já evoluído, apto a ser bebido sozinho ou a casar com certos grelhados de carne ou peixe -, é um excelente achado.
O Casaleiro Reserva pode ser encontrado em grandes superfícies ou encomendado na página da sua casa-mãe, a Enoport.