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Entre os grandes produtores de vinho, há os que se ficam pelo melhor, optando por apresentar um portefólio que começa já numa gama elevada, e os que, tendo vinhos de excelência, completam-no com gamas de entrada - os chamados "vinhos para pagar as contas" no jargão do meio. Nada contra uns e outros, mas as contrapartidas sentem-se claramente: os primeiros acabam excluídos da realidade da maior parte dos consumidores, e os segundos entregam, não raro, menos do que o enófilo merece.
Há, ainda assim, uma terceira categoria - a dos produtores que, apresentando o leque de opções para todos os bolsos, entregam qualidade de topo em todos os patamares. Nem sempre é fácil identificá-los: não costumam estar nas prateleiras de supermercado, misturam-se entre os incontáveis nomes e rótulos das garrafeiras e exigem normalmente um investimento que começa para lá dos €5 - mais, admitamos, do que o consumidor casual está habituado a pagar. Descubra-os, no entanto, e essa informação nunca deixará de render, como um mecânico de confiança ou aquela tasca boa e barata que nunca desilude.
Se nem toda a gente considera a Quinta do Paral um desses produtores, é porque o seu negócio não é o de vinhos consensuais. Autora de perfis esdrúxulos e audazes que lhe granjearam reconhecimento no meio, é uma casa que se destaca pela diferença, em particular nos seus brancos: o seu Vinhas Velhas, topo de gama, está no pódio dos brancos alentejanos, uma combinação exímia de idade, estágio e vinificação consistentemente aclamada.
Ainda assim, o mais interessante vinho da Quinta do Paral que tivemos oportunidade de provar, pela mera irrazoabilidade do valor por garrafa, foi mesmo da sua gama mais humilde, um branco que dá pelo nome de Clássico - não apenas um excelente vinho de entrada por si só, mas mais convincente do que muitos reservas e grande reservas que por aí se encontram.
Como qualquer branco do Paral, não conte com o perfil leve e aromático que se costuma associar ao verão e esperar das entradas de gama de qualquer casa dentro e fora do Alentejo. Este é um branco robusto, mineral, aromaticamente intenso, de boa acidez e com uma untuosidade e peso em boca que se poderia confundir com uma gama muito mais elevada. De Antão Vaz, Verdelho, Vermentino e Viognier, é uma verdadeira força da natureza que, a pouco menos de €10, não podemos recomendar mais.
DR
"Um vinho para o fim de semana" é uma rubrica semanal em que lhe sugerimos, todos os sábados, uma referência para provar ao longo do fim de semana - uma rubrica a cargo do jornalista da SÁBADO Pedro Henrique Miranda.
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