Sábado – Pense por si

EUA prometem retaliar contra imposto digital da UE. Spotify e Siemens são alguns dos alvos

Caso a Comissão Europeia não recue nas taxas, a Casa Branca disse que irá começar a usar "todas as ferramentas à sua disposição" para combater estas "medidas injustificadas”.

A União Europeia tem em marcha o chamado "imposto digital" sobre as grandes tecnológicas norte-americanas - como a Apple ou a Microsoft -, defendendo a "soberania tecnológica" do bloco face aos EUA. As multas, que podem chegar a centenas de milhões de dólares contra as "big tech", fazem parte de um pacote de regulamentações digitais da Comissão Europeia, que têm vindo a incomodar os EUA - sobretudo o Presidente, Donald Trump. 

A Administração republicana ameaçou esta terça-feira retaliar a União Europeia com a mesma taxa, em resposta às sanções europeias. Aliás, numa publicação nas redes sociais, o gabinete do representante para o Comércio dos EUA fez questão de apontar alguns dos possíveis visados das restrições americanas: Accenture, Siemens e Spotify Technology. 

"Se a UE e os Estados-membros da UE insistirem em continuar a restringir, limitar e impedir a competitividade dos prestadores de serviços dos EUA por meios discriminatórios, os Estados Unidos não terão outra escolha senão começar a usar todas as ferramentas à sua disposição para combater essas medidas injustificadas", afirma a publicação. "Caso sejam necessárias medidas de resposta, a lei dos EUA permite a cobrança de taxas ou restrições a serviços estrangeiros, entre outras ações”, acrescentou a entidade. 

Segundo os críticos do "imposto digital" europeu, estas taxas estão a impedir o crescimento da inovação tecnológica, ao mesmo tempo que arrecada uma receita "injusta". A UE e a OCDE têm discutido criar uma tributação digital única, que evitaria uma dupla tributação e situações de evasão fiscal. 

O reacendimento da discussão surge numa altura sensível para a Comissão Europeia, que debate com os EUA as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Já na semana passada, em entrevista ao Politico, Donald Trump apelidou o bloco europeu de um grupo de nações "em decadência" com líderes "fracos".

Artigos Relacionados
A lagartixa e o jacaré

Dez observações sobre a greve geral

Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.

Adeus, América

Há alturas na vida de uma pessoa em que não vale a pena esperar mais por algo que se desejou muito, mas nunca veio. Na vida dos povos é um pouco assim também. Chegou o momento de nós, europeus, percebermos que é preciso dizer "adeus" à América. A esta América de Trump, claro. Sim, continua a haver uma América boa, cosmopolita, que gosta da democracia liberal, que compreende a vantagem da ligação à UE. Sucede que não sabemos se essa América certa (e, essa sim, grande e forte) vai voltar. Esperem o pior. Porque é provável que o pior esteja a chegar.