A Caixa Geral de Depósitos registou um resultado líquido negativo de 74,2 milhões de euros entre Janeiro e Março. Esta evolução negativa está em grande parte relacionada com os resultados de operações financeiras
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um resultado líquido negativo de 74,2 milhões de euros entre Janeiro e Março, quando tinha obtido um lucro de 2,1 milhões de euros em igual período de 2015.
Esta evolução está em grande parte relacionada com os resultados de operações financeiras, que passaram de 94 milhões de euros positivos nos primeiros três meses de 2015 para 97,3 milhões de euros negativos no primeiro trimestre deste ano, devido à "elevada volatilidade sentida nos mercados financeiros internacionais", informou o banco público.
Mais especificamente, estão em causa as perdas nas operações de cobertura de risco da taxa de juro ('swap') feitas pela CGD para a dívida pública portuguesa.
As comissões líquidas caíram 8,5% para 115,6 milhões de euros, reflectindo "a forte pressão concorrencial e regulamentar sobre a cobrança de comissões", explicou o banco liderado por José de Matos.
Já a margem financeira estrita subiu 9,8% para 282 milhões de euros, beneficiando da redução do custo de financiamento (-20,7% para 411,1 milhões de euros), e ultrapassando a redução sentida nos juros de operações activas (-10,6% para 693,1 milhões de euros).
Assim, o produto bancário gerado pela CGD no trimestre alcançou 305,6 milhões de euros, menos 39% do que em igual período do ano passado, tendo sido fortemente influenciado pela evolução negativa dos resultados de operações financeiras.
Quanto aos custos operativos, houve uma redução homóloga de 5,5% para 303,7 milhões de euros, "beneficiando da contenção sentida nos custos com pessoal (-4,7%) em que já é visível o impacto inicial do programa Plano Horizonte, bem como da redução nos gastos administrativos (-5,2%) e nas amortizações (-12,3%)", sublinhou o banco estatal.
Deste modo, apesar da evolução positiva na margem financeira e nos custos operativos, o resultado bruto de exploração alcançou 1,9 milhões de euros no primeiro trimestre do ano devido ao impacto dos resultados de operações financeiras.
As provisões e imparidades criadas no período em causa reduziram-se em 25,4% para 84,2 milhões de euros. Já no acumulado do balanço este valor teve uma subida homóloga de 17% para 988 milhões de euros.
Nota para o relevante contributo da actividade internacional para o resultado líquido consolidado da CGD, que ascendeu a 40 milhões de euros (mais 79% do que no primeiro trimestre de 2015).
A actividade dos bancos do grupo em Macau (18,7 milhões de euros), França (11,6 milhões de euros), Espanha (4,2 milhões de euros) e Moçambique (2,5 milhões de euros) representou 92,5% do resultado líquido da actividade internacional.
O rácio de transformação (crédito sobre depósitos) fixou-se nos 88,5% no final de Março.
O rácio 'common equity tier1' (CET1) 'phasedin' (em transição para as novas regras) foi de 10,4% (contra 10,9% em igual período do ano passado) e o CET1 'fullyimplemented' (com implementação total) foi de 9,6% (contra 10,3% no primeiro trimestre de 2015).
De resto, uma das questões que o banco público ainda tem por resolver está relacionada com os instrumentos de capital contingente (as chamadas 'CoCobonds') subscritos pelo Estado.
Em 2012, para recapitalizar a CGD, o Estado injectou 750 milhões de euros directamente em acções e ainda 900 milhões em instrumentos de capital contingente, dívida pela qual o banco público paga juros anuais.
Até ao momento a Caixa ainda não fez qualquer devolução desta dívida, nem há qualquer previsão de o fazer. Se o banco não fizer esse pagamento até 2017, estes instrumentos transformam-se em acções.
Actualmente há uma discussão sobre a necessidade de o Estado (único accionista) fazer um aumento de capital na CGD, operação que está a ser discutida entre o Governo e a Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia.
O problema é que Bruxelas considera que um aumento de capital pelo Estado - mesmo sendo o Estado o único accionista - é uma ajuda de Estado, o que implicaria uma nova reestruturação do banco, com redução do seu negócio e cortes de pessoal, o que é contestado pelo Governo.
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