O antigo governador do Banco de Portugal diz ter uma memória "muito lacunar" dos assuntos em torno do Banif que analisou, mas sublinha que o banco não suscitava, até 2010, "problemas significativos"
O antigo governador do Banco de Portugal (BdP) Vítor Constâncio diz ter uma memória "muito lacunar" dos assuntos em torno do Banif que analisou, mas sublinha que o banco não suscitava, até 2010, "problemas significativos".
"Deixei de representar a instituição em Junho de 2010, não trouxe comigo qualquer documentação propriedade do BdP e não tenho naturalmente direito a solicitar qualquer informação neste momento. Toda a memória institucional está na posse do BdP e a minha memória dos poucos assuntos relativos ao Banif que foram apreciados no Conselho de Administração, passados tantos anos, é naturalmente muito lacunar", advoga Constâncio, actual vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE).
As palavras do responsável integram um conjunto de respostas enviadas aos deputados da comissão parlamentar de inquérito ao Banif, texto revelado hoje pelo jornal i e ao qual a agência Lusa teve também acesso.
Na missiva, de oito páginas, Constâncio sublinha que os "poucos números" que cita nas suas respostas foram retirados da página na internet do banco central, até porque enquanto foi governador nunca teve a seu cargo o pelouro da supervisão.
"O Banif não era dos bancos mais importantes do sistema e não suscitou durante o meu mandato problemas significativos que me tivessem sido apresentados a mim ou ao Conselho de Administração", vinca.
Durante os dez anos em que foi governador, Constâncio diz nunca ter recebido "quer dos serviços, quer do vice-governador responsável pelos assuntos de supervisão bancária, informações que pudessem pôr em causa a solidez financeira do Banif ou o respectivo cumprimento dos rácios prudenciais que constituem um aspecto fundamental da supervisão bancária".
Depois, o actual quadro do BCE cita um relatório de 2008 do Fundo Monetário Internacional (FMI) onde é dito que "o sistema financeiro português mantém-se sólido e bem supervisionado", mesmo depois da queda do banco Lehman.
Sobre a presença do Banif no Brasil, negócio que motivou várias críticas em algumas audições na comissão de inquérito, Constâncio diz que "em 2009, a presença do Banif no Brasil era modesta e a actividade não apresentava sinais de irregularidade que merecessem ser trazidos à atenção" da administração do BdP.
Constâncio sublinha que as suas respostas por escrito "referem-se exclusivamente" ao período em que exerceu o cargo de governador do BdP, "antes de ingressar nos quadros do BCE", já que, sustenta, "como instituição Europeia, o BCE responde apenas perante o Parlamento Europeu, conforme o Tratado da União Europeia".
As audições da comissão de inquérito ao Banif acabaram na semana passada e nesta fase o deputado relator, o socialista Eurico Brilhante Dias, estará a preparar o relatório final dos trabalhos, que deverá ser apresentado na comissão durante o mês de Julho.
Banif: Constâncio diz ter uma memória "muito lacunar"
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