A presidente do Conselho de Finanças Públicas (CFP), Teodora Cardoso, admitiu que Portugal "vai precisar de uma reestruturação da dívida", mas "pela positiva", recusando um haircut (perdão), como aconteceu na Grécia. "A reestruturação da divida é algo de que Portugal vai precisar. Isto porque as taxas de juro nos mercados internacionais até estão em níveis negativos, mas vão subir e já estão a subir", afirmou Teodora Cardoso, numa intervenção num debate promovido pelas câmaras de comércio francesa e luso-britânica, que decorreu esta terça-feira, em Lisboa.
Nesse sentido, a economista defendeu que "há uma reestruturação que é necessária, mas é a reestruturação que acontece pela positiva", que deve resultar de "políticas económicas que levem a maior crescimento" e que coloquem Portugal perante os credores "como um país que consegue efectivamente servir a dívida no futuro". Segundo a presidente do CFP, isso faria com que o prémio de risco da dívida portuguesa baixasse. "Nessa situação poderemos ter a tal reestruturação, que advém de taxas de juro mais baixas e prazos mais longos. Mas isto num contexto de mercado e da avaliação dos credores da nossa capacidade de servir a dívida", defendeu.
Isto porque, "a outra reestruturação, como a que sucedeu já na Grécia, com haircuts na dívida, traria dois tipos de problemas": o impacto nos bancos, que têm "muita dívida pública portuguesa e os que já não estão bem e ficariam muito pior" e um "aumento do prémio de risco".
"Um país que deixa de ser capaz de pagar, evidentemente que vai ver-se com um prémio de risco maior, portanto o que deixa de perder de um lado passa a perder por outro", afirma.
Na segunda-feira, os ministros das Finanças da zona euro acordaram, em Bruxelas, algumas medidas para aliviar a dívida grega no curto prazo, designadamente a nível dos prazos de pagamentos dos empréstimos dos parceiros europeus e taxas de juro aplicadas.
Os responsáveis europeus têm rejeitado liminarmente a adopção de medidas idênticas de alívio da dívida para outros países que estiveram também sob programa, como Portugal, defendendo que o caso da Grécia é único. Na anterior reunião do Eurogrupo, celebrada em Novembro, o líder do Eurogrupo garantiu não foi, nem será discutida uma eventual renegociação dos juros da dívida portuguesa, argumentando que há uma "grande diferença" relativamente à Grécia. "Não discutimos e não vamos discutir, porque Portugal é capaz de gerir a sua própria dívida. E não estamos certos de que assim seja no caso da Grécia, é essa a grande diferença. Não vamos confundir" as situações, declarou o presidente do Eurogrupo.
A presidente do Conselho de Finanças Públicas considerou, por outro lado, que o prolongar da solução na Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi desfavorável para o sector, esperando que a nova administração encerre a polémica em torno do banco público. "É claro que não é bom. Mas se tudo se fizer agora de acordo com o que já estava planeado, não será tão mau assim. Mas levou muito tempo até se conseguir uma solução e esta ponta final foi infeliz", disse.
Questionada sobre se espera que a polémica em torno da CGD fique encerrada com a nova administração, a presidente do CFP disse "esperar que sim", admitindo que os problemas têm "mais reflexo a nível interno e político do que propriamente a nível financeiro".
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