Secções
Entrar

PSD avisa que será ofensa ao Parlamento Governo desrespeitar recomendação sobre Santa Casa

20 de abril de 2018 às 16:05

O Parlamento aprovou esta sexta-feira recomendações de PSD e CDS-PP para que o Governo impeça a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do Montepio e um do Bloco que pede a regulação dos investimentos daquela instituição.

O PSD alertou, esta sexta-feira, que será "uma ofensa ao parlamento" se o Governo não respeitar recomendações aprovadas e que pedem ao executivo que trave a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do Montepio.

1 de 4
Foto: David Martins
Foto: Manuel Salvado
Foto: Cofina Media
Foto: Cofina Media

"A Assembleia da República votou há poucos minutos o fim do negócio entre a SCML e o Montepio, o Governo deve fazer tudo o que está ao seu alcance para impedir o negócio", defendeu o deputado social-democrata Duarte Pacheco, em declarações aos jornalistas no parlamento.

O Parlamento aprovou esta sexta-feira recomendações de PSD e CDS-PP para que o Governo impeça a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do Montepio e um do Bloco que pede a regulação dos investimentos daquela instituição.

Os projectos de resolução do PSD e do CDS-PP - as resoluções não têm força de lei, tratando-se apenas de recomendações ao Governo - mereceram o voto contra do PS, a abstenção do BE, PCP e PEV, e votos favoráveis dos proponentes e do PAN.

Confrontado com o facto de se tratarem apenas de recomendações ao Governo, Duarte Pacheco disse esperar que "pelo respeito institucional" que a Assembleia da República deve merecer, o Governo "não feche os olhos e os ouvidos e que actue nos próximos dias para que este negócio tenha um ponto final"

"Seria extremamente grave que, depois de uma decisão da Assembleia da República, o Governo actuasse em sentido oposto (...) Era uma ofensa ao parlamento, ao próprio presidente Ferro Rodrigues, que representa esta casa, não acredito que o Governo actue dessa maneira", disse.

Questionado por que razão esta recomendação se dirige apenas à SCML e não a outras instituições, como a Santa Casa do Porto - que tem como provedor um dirigente do PSD, António Tavares -, Duarte Pacheco salientou que apenas a Santa Casa de Lisboa é pública. "Podemos achar bem ou mal que uma entidade privada entre no capital de uma instituição, mas não o podemos proibir", referiu.

Além das recomendações de PSD e CDS-PP, foi ainda aprovado um projecto-lei dos democratas-cristãos, apenas com os votos contra do PS, para que sejam alterados os estatutos da SCML.


O objectivo do diploma dos democratas-cristãos é consagrar a necessidade de uma autorização da tutela - no caso, o Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social - para que a Mesa da Santa Casa efectue "investimentos estratégicos e estruturantes", nomeadamente que envolvam a SCML na administração ou órgãos sociais de instituições que desenvolvem actividades noutros sectores ou que sejam em volume superior a 5% do seu orçamento anual.

Aprovado por unanimidade foi ainda o projecto de resolução do BE que recomenda ao Governo que regule a política de investimentos da SCML.

No texto, em que nunca se refere em concreto a entrada da Santa Casa de Lisboa no capital do Montepio, o BE pede ao Governo que restrinja a política de investimentos a participações não qualificadas no capital de instituições de carácter privado, quando o seu objecto não se encontre em linha com o carácter "puramente social e não especulativo" da SCML.

Os bloquistas pedem ainda que seja maximizado o montante afecto aos investimentos sociais nas várias áreas onde atua a SCML e que a sua carteira de activos seja composta por "critérios de prudência e minimização de risco".

Em 4 de Abril, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, assegurou no parlamento que o investimento na Caixa Económica Montepio Geral não se trata de um "salvamento" do banco e que há 20 a 30 instituições de solidariedade também interessadas em participar, ainda que de forma simbólica.

Segundo o provedor, em causa está a possibilidade de a SCML ficar com 1% do capital do banco Montepio em troca no máximo de 18 milhões de euros. Tal investimento, a concretizar-se, avalia o banco em cerca de 1.800 milhões de euros.

Uma delas é a Santa Casa da Misericórdia do Porto que entrará com dez mil euros e cujo provedor, António Tavares, é também porta-voz do Conselho Estratégico Nacional do PSD para a área da Solidariedade e Sociedade de Bem-Estar.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela