Covid-19: Governo avança com abono de família extra e revisão do RSI
O pagamento extra de um abono de família ocorrerá em setembro e é extensível a todas as crianças dos 1.º, 2.º e 3.º escalões.
O Governo vai avançar com o pagamento extra numa única prestação do abono de família em valor correspondente ao valor base e alterar os períodos de referência para atribuição de abono de família e Rendimento Social de Inserção (RSI).
De acordo com um documento com as principais medidas do Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), hoje divulgado pelo Governo, as famílias vão contar este ano com o pagamento extra de um abono de família, a acontecer em setembro, num montante correspondente ao valor base, e extensível a todas as crianças dos 1.º, 2.º e 3.º escalões.
O mesmo documento avança que o Governo vai promover uma "alteração do período de referência no RSI e no abono de família, para garantir proteção nas situações de quebra abrupta de rendimentos em consequência da pandemia".
"Os titulares do RSI e do abono de família verão as suas prestações atualizadas automaticamente em função ao rendimento do mês em que a solicitam, e não em função dos meses anteriores, uma vez que, como sabemos, nos últimos meses houve alterações abruptas e profundas dos rendimentos de muitas famílias", disse o primeiro-ministro, António Costa, na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros de hoje, na qual apresentou as linhas gerais do PEES.
No início de maio, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, tinha adiantado que o Governo estava a preparar uma alteração legislativa para simplificar o acesso ao RSI.
"Contamos muito brevemente ter esta alteração legislativa agendada para de facto conseguir ser mais rápido na resposta às situações de quem precisa e é nesse sentido que estamos a trabalhar", disse na altura a ministra, não precisando o número de quantas mais pessoas poderão beneficiar desta prestação social, uma vez que esse é um trabalho ainda em curso.
A Caritas Portuguesa, que viu nos últimos meses crescer o número de pedidos de ajuda motivados pela pandemia e que criou linhas de apoio específica para a emergência provocada pela covid-19, defendeu numa audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que deviam ser revistas as regras de acesso ao RSI, mas também o valor desta prestação social como forma de garantir a autonomia financeira das pessoas que ficam sem rendimentos e que têm que fazer prova de três meses de perda de rendimentos e esperar depois 45 dias para a sua atribuição.
Portugal contabiliza pelo menos 1.455 mortos associados à covid-19 em 33.592 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado hoje.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, que sexta-feira foi prolongado até 14 de junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
O "Grande Confinamento" levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.
Já a Comissão Europeia estima que a economia da zona euro conheça este ano uma contração recorde de 7,7% do PIB, como resultado da pandemia da covid-19, recuperando apenas parcialmente em 2021, com um crescimento de 6,3%.
Para Portugal, Bruxelas estima uma contração da economia de 6,8%, menos grave do que a média europeia, mas projeta uma retoma em 2021 de 5,8% do PIB, abaixo da média da UE (6,1%) e da zona euro (6,3%).
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