Jovem iniciou uma autêntica aventura aos 16 anos, para tentar a sorte na Guiné-Conacri, Argélia, Brasil até chegar à Bolívia, há cinco anos. Aqui, sagrou-se campeã com o seu clube, Mundo Futuro Oriente Petroleiro.
Mariatu Candé é uma jovem guineense que decidiu desafiar os pais, as regras da religião muçulmana e aventurar-se no mundo do futebol profissional na Bolívia, onde acabou por sagrar-se campeã com o seu clube, Mundo Futuro Oriente Petroleiro.
Em conversa com aLusa, via telefone, desde a cidade de Santa Cruz da Bolívia, Mariatu Candé, com 24 anos, conhecida naGuiné-BissauporLampard, contou que "ama o desporto, adora o futebol e tem cabeça dura", daí ter ido contra à vontade da mãe que a queria a estudar em vez de a correr nos campos atrás da bola.
Além disso, a religião muçulmana não vê com bons olhos a prática de futebol pelas mulheres.
Mariatu Candé disse àLusaque desde tenra idade, na ilha de Bolama, onde nasceu, em 1995, sempre jogou com os rapazes e as raparigas, "sem escutar as chamadas de atenção dos familiares", muçulmanos praticantes, tendo representado um clube em Bissau, para onde se mudou com a mãe, e a seleção guineense.
Com o foco em ser profissional de futebol, "por prazer, por necessidade de ganhar dinheiro e ajudar a mãe a sair na 'canseira' (pobreza)", Mariatu fez uma autêntica aventura aos 16 anos, para tentar a sorte na Guiné-Conacri, Argélia, Brasil até chegar à Bolívia, há cinco anos.
Pelo caminho, Mariatu disse ter conhecido " muita gente séria, mas também um empresário pouco sério" que lhe prometeu um clube no Brasil - onde acabou por ficar dois dias -, quando na realidade o destino, que a própria desconhecia, era um clube na Bolívia.
Única guineense a jogar futebol naquele país da América do Sul, Mariatu não se desesperou. Queria era jogar futebol profissional fosse no Brasil ou na Bolívia, sem estar debaixo da asa de qualquer empresário, contou à Lusa.
Na Bolívia, só encontrou um guineense uma vez, com quem matou as saudades que continuam a apertar de cada vez que se lembra dos amigos e familiares, sobretudo da mãe com quem fala diariamente, disse.
As saudades são muitas, mas Mariatu sente "um orgulho enorme", por estar a elevar o nome da Guiné-Bissau, embora lamente "as greves constantes nas escolas públicas e as guerras entre os políticos".
Mariatu não se arrepende de não ter seguido a vontade da mãe, porque conseguiu construir, em Bissau, "uma boa casa" para a progenitora da qual se orgulha.
Às raparigas guineenses que queiram seguir o futebol como profissão pede para seguirem o coração.
"Sigam o vosso coração, se de facto amarem o desporto, porque se amanha ganharem algum pão é a vossa família que irá comer mais de 80% desse pão. Treinem, lutem e sigam em frente", considerou a jogadora guineense, frisando que é a própria mãe que agora reconhece o mérito por ter seguido o seu sonho de criança.
Campeão da Bolívia, o clube da Mariatu vai jogar, no próximo ano, a Taça dos Libertadores da América na categoria feminina. A guineense espera cumprir o contrato de um ano e meio com o atual clube e depois pensar no que fará da vida. Quando se reformar do futebol disse que pensa seguir a carreira de hospedeira, porque gosta de viajar e conhecer pessoas.
Questionada sobre qual seria a sua resposta se um dia fosse chamada a representar a seleção guineense de futebol, Mariatu Candé afirmou que aceitará "com todo orgulho defender a bandeira" de um país que não vai trocar por nada deste mundo.
Mariatu Candé, "Lampard da Guiné-Bissau", desafiou pais e religião para ser futebolista
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