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Rui Costa reeleito: do padrinho Eusébio ao trunfo Mourinho
Vencedor à segunda volta com 65,89% dos votos, Rui Costa lamenta só ter sido campeão uma vez no seu anterior mandato. O antigo médio chegou ao Benfica pela mão de Eusébio, quis deixar o futebol quando o mandaram para o Fafe e aceitou ir para a Fiorentina para dar mais dinheiro às águias.
Três eleições, três vitórias. É essa a performance de Rui Costa como presidente do Benfica. No último sábado, 8 de novembro, atingiu 65,89% dos votos, batendo João Noronha Lopes (34,11%) na segunda volta das eleições para a presidência das águias, isto depois de já ter sido o mais votado a 25 de outubro, em que havia seis candidatos – aí, conseguiu 42,13%, seguindo-se Noronha Lopes (30,26%), Luís Filipe Vieira (13,86), Diogo Manteigas (11,48%), Martim Mayer (2,10%) e Cristóvão Carvalho (0,18%).
Do empréstimo ao Fafe a Maestro
Apaixonado por futebol e pelo Benfica, Rui Costa começou a jogar futsal com 6 anos, na Damaia. "Costumava dizer que ou ia ser jogador de futebol ou jogador de futebol", revelou numa entrevista à SÁBADO, em maio de 2014. Aos 9 anos deu-se o momento-chave. Foi fazer testes ao Benfica, num dia em que estavam ali 500 miúdos e apenas um ficou: ele. Rui Costa recordou essa situação à SÁBADO na revista especial sobre Eusébio, por ocasião da morte do Pantera Negra, em janeiro de 2014. "Eusébio foi o meu primeiro treinador. Eram 500 miúdos e todos queríamos jogar. Calhou-me ser extremo direito e as coisas correram-me bem nas duas ou três primeiras vezes em que toquei na bola. O Eusébio veio ter comigo e disse: ‘Tu, menino, já chega!". Eu fiquei a chorar porque achei que tinha sido mesmo muito fraco para não me deixarem ficar mais tempo. Afinal, as três vezes em que toquei na bola foram suficientes para o Eusébio gostar e mandar chamar o meu pai para me levar no dia seguinte e o choro passou de tristeza a alegria". O pai de Rui Costa tinha jogado no Estrela da Amadora, mas na altura não teve condições para prosseguir a carreira. Já Rui Costa, e depois de ser sempre titular nos juvenis, começou a ver que havia alguma hesitação por parte do Benfica em mantê-lo, por ser pequeno e franzino. Terminada a etapa da formação (nos juniores já recebia 20 contos por mês), com 18 anos foi emprestado ao Fafe, um momento difícil para ele, como recordou à SÁBADO: "Fiquei de rastos e ponderei seriamente deixar de ser jogador. De Lisboa, filho único e depois via-me em Fafe. Eu vinha do Europeu de sub-18 e ambicionava muito mais, mas a verdade é que ou ia para o Fafe ou não tinha onde jogar". "Decidi ir, mas nunca desfazia a mala, ia tirando os calções e as T-shirts para ir treinar porque não sabia se me ia adaptar. Vivia numa casa com dois jogadores que não conhecia, tinha de almoçar e jantar todos os dias fora, longe dos meus pais. A verdade é que ir para Fafe fez-me crescer enquanto jogador e homem. Acabei por ser campeão do mundo de sub-20 na seleção e fiz um grande Mundial graças ao ano no Fafe". Por falar em Mundial sub-20 e sobre a gloriosa vitória sobre o Brasil, num estádio da Luz com mais de 120 mil pessoas, sabia que foi nessa final que Rui Costa marcou o golo mais saboroso da carreira? "Senti-me mesmo o melhor do mundo e estou ligado a esse penálti até hoje. Podia ter tocado a qualquer um, mas calhou-me a mim. É um momento de emoção fora do normal, uma adrenalina total. Eu estava ao lado do Jorge Costa, a adivinhar os penáltis todos, e disse-lhe que o nosso colega ia marcar, o Brasil ia falhar e eu marcava o penálti decisivo. E aconteceu tudo como adivinhei". Rui Costa ficou depois três épocas no Benfica, onde ganhou um campeonato e uma Taça de Portugal e ficou com a alcunha de Maestro, um título que, como reconheceu, o envaidece: "Deixa-me felicíssimo. É sinal de que deixei uma marca". Seguiu-se a transferência para a Fiorentina (1,2 milhões de contos, hoje 6 milhões de euros), apesar de a primeira opção ter sido o Barcelona. "Fui para Itália quase obrigado, porque o Benfica estava na falência e na Fiorentina pagavam mais". Acabou por passar lá "sete anos maravilhosos", embora a nível de títulos apenas tenha conseguido duas taças de Itália e uma supertaça – e terminou quase prisioneiro na equipa viola, que nunca lhe facilitou uma transferência. Os títulos só surgiram quando se mudou para o AC Milan, em 2001, numa venda milionária (45 milhões de euros), que fez dele durante vários anos o jogador mais caro da história dos milaneses. Só em 18 meses ganhou um campeonato e uma taça de Itália, uma Liga dos Campeões, a Taça Intercontinental e a supertaça europeia (às custas do FC Porto de José Mourinho). Curiosamente, na Fiorentina, num jogo de pré-época, em 1996, viveu uma situação antinatura, quase como um pai matar um filho. É que, ao serviço dos italianos, Rui Costa marcou um golo ao Benfica, o seu clube de coração, o que o deixou perturbado. À SÁBADO, ele explicou o que sentiu: "Eu era para não jogar, mas como era com o Benfica queriam que jogasse. E eu, confesso, também queria jogar para poder matar saudades do estádio da Luz. Estive emocionado o tempo todo, mas a jogar como se fosse o último jogo da minha vida, como fazia sempre. Quando marquei o golo fiquei num estado de nervos que não conseguia parar de chorar". Em 2006, com 34 anos, deu-se o regresso ao Benfica, onde ficou dois anos até acabar a carreira. Despediu-se sem ter ganhado qualquer título nas águias, o que levou a algumas críticas. Um deles foi o empresário Joe Berardo, que referiu que o Benfica se tinha transformado "num lar de terceira idade" e que se Rui Costa quisesse ajudar o clube "tinha voltado quando tinha 25 anos". Uma situação que o levou a reagir, em 2020, numa entrevista ao Expresso: "O que me faz estar aqui é unicamente o amor que tenho por este clube. Deixei um contrato milionário em Milão para poder regressar ao Benfica, assinando em branco. Falam do meu salário como administrador, mas o meu salário de administrador é para aí um décimo daquilo que poderia estar a ganhar no estrangeiro, só que as pessoas têm pouca noção disso". Nessa mesma entrevista, Rui Costa garantia que não era um yes man de Vieira. E reagia com veemência: "Não permito que me considerem um banana. Nasci numa cave na Damaia, lutei toda a minha vida e isto não se faz a ser usado". E aproveitava ainda para esclarecer que não estava escondido, apesar de o criticarem por aparecer pouco. Era, dizia, um homem dos bastidores – "mas nunca fugi às minhas responsabilidades". "Estou no Benfica há 12 anos e participei ativamente em 19 títulos do clube. Agora, o que eu digo é que no futebol os protagonistas são os jogadores e os treinadores, não são os dirigentes, pese embora em Portugal se queira fazer o inverso. Hoje em dia há muita gente que não conhece os jogadores da própria equipa e conhece os dirigentes, o que é uma coisa absurda". Na entrevista à SÁBADO, em maio de 2014, em que reconhecia que, apesar de já estar reformado desde 2008, ainda lhe custava "ver a equipa a treinar" e ele "de gravata", Rui Costa admitia que quando pendurou as botas não se via a ser dirigente (com 26 anos até pensava em ser treinador). "Só aceitei porque é o Benfica. Tive convites para jogar noutros clubes, nos Emirados, mas entendi que devia ficar no Benfica. E consegui uma coisa inédita, que foi passar de muito velho a muito novo num segundo: era muito velho para continuar a jogar e muito novo para ser diretor desportivo. A verdade é que estou a viver o que quis e a ver o Benfica nos patamares onde merece estar." Aliás, esse seria o primeiro ano do histórico tetra (alcançado em 2017, um feito que o Benfica nunca tinha conseguido, embora tivesse somado cinco tricampeonatos), que acabou com a hegemonia do FC Porto, um reinado que os dragões mantinham há mais de 20 anos. Assim, perguntámos a Rui Costa como via ele o Benfica dali a 10 anos (ou seja, em 2024). Resposta: "Líder em Portugal e muito bem posicionado em termos europeus. Diz-se que o Benfica tem de voltar aos anos 60 em termos europeus e tudo se está a fazer para estar perto disso". Para isso, Rui Costa forma uma equipa com várias caras que já o acompanhavam, mas também algumas novas, como Humberto Coelho. O antigo central do Benfica, selecionador nacional e vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, de 75 anos, deverá ser o “vice” para as relações institucionais. Tomás Barroso, ex-capitão da equipa encarnada de basquetebol, deverá ficar responsável pelas modalidades. E Nuno Catarino, atual diretor financeiro da SAD, está confirmado como primeiro vice-presidente, apenas abaixo de Rui Costa e com as pastas financeira, do Benfica District e do património.Artigos Relacionados
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