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Em que zonas vai ser visível o eclipse solar desta segunda-feira

Andreia Antunes
Andreia Antunes 08 de abril de 2024 às 18:42
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Fenómeno será visível nas Regiões Autónomas, mas apenas de forma parcial. O eclipse será total na América do Norte, sendo que tem início no Pacífico Sul. Vai ser preciso esperar até 2026 para Portugal ter um eclipse total.

Um eclipse solar vai acontecer esta segunda-feira, mas não vai ser visível em território continental. O fenómeno será apenas visível nos Açores às 19h05 (20h05 em Lisboa) e na Madeira.

REUTERS/Evelyn Hockstein

A Lua apagará o Sol a centenas de pessoas nas regiões autónomas, mas apenas de forma parcial, sendo que a Lua cobrirá 62% do Sol, e não a sua totalidade.

O eclipse será total na América do Norte, sendo que, de acordo com a NASA, este raro acontecimento vai ter início no Pacífico Sul, com a trajetória pelo México, continuando pelos Estados Unidos e, em seguida Canadá.

Apesar de não ser visível para todos, é possível ver a transmissão da NASA ao vivo, com arranque às 18h em Lisboa. Durante a transmissão são esperadas imagens dos vários locais onde o eclipse passou no norte da América, explicações de especialistas da NASA e interações com os astronautas a bordo da estação espacial internacional.

Milhões em viagem para ver eclipse

Milhões de pessoas deslocaram-se para estar no "caminho da totalidade". Com uma duração de 4 minutos e 28 segundos, o eclipse durará quase o dobro do último fenómeno que ocorreu nos Estados Unidos, em 2017, durante 2 minutos e 42 segundos.

Na área da totalidade estão as cidades de Mazatlán e Torreón, no México; nos Estados Unidos temos San Antonio, Austin, Waco, Fort Worth e Dallas, no Texas; Little Rock, no estado de Arkansas; St. Louis, no Missouri; Louisville, em Kentucky; Indianápolis, em Indiana; Dayton, Columbus, Toledo e Cleveland, em Ohio; Detroit, no Michigan; Erie, na Pensilvânia; Buffalo, Rochester e Syracuse, em Nova Iorque, e nas Cataratas do Niágara; já no Canadá temos Hamilton, Toronto e Montreal.

Só nos EUA, cerca de 32 milhões de pessoas vivem na área onde o eclipse será total, sendo que as autoridades federais estimam que cerca de 5 milhões irão viajar para ver este fenómeno.

O que é um eclipse solar?

Num eclipse solar total, a Lua passa entre o Sol e a Terra, cobrindo totalmente a face do sol ao longo de um pequeno trajeto da superfície do nosso planeta. Este é conhecido como o "caminho da totalidade", sendo este formato apenas visível na zona da sua trajetória.

Este fenómeno acontece devido ao facto da Lua cobrir a face do Sol, por estar alinhado com ele e numa perspetiva de quem vê da Terra, já que a Lua, que é muito mais pequena que a estrela, está mais próxima do nosso planeta.

Nos locais onde o eclipse vai ser total, vai poder ver-se a coroa solar – camada mais externa da atmosfera de uma estrela – que normalmente não é visível devido ao brilho do Sol, e o céu diurno torna-se escuro, semelhante ao crepúsculo e ao amanhecer.

As pessoas que o observam fora do caminho da totalidade – como é o caso das regiões autónomas, em Portugal – vão poder ver um eclipse parcial em que a Lua obscurece a maior parte da face do Sol, mas não a sua totalidade. Na maioria dos locais, de acordo com a NASA, esta fase de eclipse pode durar entre os 70 e os 80 minutos.

O que se observa durante o eclipse?

Existem várias etapas distintas durante um eclipse solar. Este fenómeno inicia no momento em que a Lua "toca" no Sol, momento conhecido como primeiro contacto.

Inicialmente a Lua não cobre totalmente o Sol, sendo apenas a fase de eclipse parcial – nos Açores e na Madeira, não vai passar desta fase -, ficando o Sol com uma aparência crescente.

Nesta fase, vão começar a aparecer faixas de sombras, que são longas e de movimento rápido, separadas por espaços brancos, e podem ser vistas no solo e nas laterais dos edifícios. Estas faixas de sombra aparecem devido à atmosfera superior da Terra, que distorce a luz da superfície solar, da mesma forma que distorce a luz das estrelas, fazendo que com estas cintilem.

À medida que a Lua continua a mover-se através do Sol, vários pontos de luz brilham em torno dos contornos da Lua, sendo conhecidas como perólas de Baily. Estas são raios de luz do Sol que atravessam os vales ao longo do horizonte da Lua. As pérolas de Baily são relativamente curtas e podem não durar o suficiente para serem notadas por todos os que estão a observar o eclipse.

Quando as pérolas de Baily começam a desaparecer fica, eventualmente, apenas um único ponto brilhante ao longo do contorno da sombra da Lua. Esta fase é conhecida como Anel de Diamante pela sua semelhança com esse objeto.

Assim que o Anel de Diamante desaparecer e não houver mais luz solar direta, o eclipse está finalmente completo. Esta etapa é chamada de segundo contacto.

Aqui vai ser possível ver a cromosfera – zona da atmosfera solar que aparece como um círculo fino de cor rosa à volta da Lua – e a coroa – atmosfera solar exterior que aparece como fluxos de cor branca. Esta fase pode durar apenas entre 1 a 2 minutos em alguns locais.

Após a totalidade, o brilho reaparece, mas desta vez no lado oposto de onde começou a ficar escuro. Esta é a atmosfera inferior do Sol, começando a aparecer por detrás da Lua, etapa conhecida como terceiro contacto. Aqui vai ser possível ver novamente o anel de diamente, as pérolas de Baily e as faixas de sombra antes de o Sol ficar totalmente visível.

O quarto contacto é o último momento em que o Sol não é coberto pela sombra da Lua, o que significa que o fenómeno chegou ao fim.

Serão cerca de 80 minutos desde o momento em que a Lua começa a cobrir o Sol, até ao momento da sua totalidade, e depois mais 80 minutos para completar o processo no sentido inverso.

Como assistir a um eclipse em segurança?

Especialistas da NASA alertam para o facto de não ser seguro olhar diretamente para o Sol brilhante sem utilizar uma proteção ocular especializada concebida para observação solar ou um observador solar portátil.

De acordo com os mesmos, os óculos de eclipse podem ser removidos durante a totalidade do eclipse - quando a Lua está a cobrir totalmente o Sol -, mas estes tem de estar novamente colocados antes de aparecer o primeiro clarão de luz solar em torno das extremidades da Lua – no terceiro contacto.

Os especialistas não recomendam óculos de sol regulares, não sendo seguros. Não se deve também olhar através da lente de uma câmara, telescópio, binóculos ou qualquer outro dispositivo ótico enquanto se estiver a usar óculos de eclipse ou num visualizador solar portátil, visto que os raios solares concentrados podem queimar através do filtro e causarão lesões oculares graves.

Em caso de não se ter óculos de eclipse ou um observador solar portátil é possível utilizar um método de observação indireta, que não implica olhar diretamente para o Sol.

Quando serão os próximos eclipses?

Portugal continental apenas verá um eclipse solar total a 12 de agosto de 2026. Este será visível numa pequena parte de Portugal, Gronelândia, Islândia, Espanha e Rússia, e com um eclipse parcial visível na Europa, África, América do Norte, Oceano Atlântico, Oceano Ártico e Oceano Pacífico.

De acordo com a NASA, até 2026 vão decorrer cerca de cinco eclipses. O próximo eclipse solar anular vai decorrer já no dia 2 de outubro, mas será apenas visível na América do Sul, Oceano Pacífico, Oceano Atlântico e América do Norte.

A 29 de março de 2025 vai decorrer um eclipse solar parcial visível na Europa, Ásia, África, América do Norte, América do Sul, Oceano Atlântico e Oceano Ártico. Ainda nesse ano vai ocorrer um eclipse solar parcial, a 21 de setembro de 2025, visível na Austrália, Antártida, Oceano Pacífico e Oceano Atlântico.

Já em 2026 vai decorrer também um eclipse solar anular parcial, a 17 de fevereiro, visível na Antártida, África, América do Sul, Oceano Pacífico, Oceano Atlântico e Oceano Índico.

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