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Como é que Zelensky quer alcançar a paz?

Débora Calheiros Lourenço 28 de dezembro de 2022 às 09:24

O presidente ucraniano quer realizar uma Cimeira Global para a paz, ainda durante este inverno, para que seja discutido o seu plano de 10 pontos para a paz.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirma que tem promovido o seuplano de dez pontospara alcançar a paz. Depois da sua visita aos Estados Unidos avançou também que foi esse mesmo plano que discutiu na reunião com Joe Biden e que tem como objetivo que os líderes mundiais realizem uma Cimeira Global para a Paz com base no mesmo.

Ukrainian Presidential Press Service/Handout via REUTERS

Mas afinal, de que plano se trata?

A primeira vez que o presidente ucraniano referiu a sua fórmula de paz foi durante o seu discurso como convidado na reunião do G20. Desde essa altura que esclareceu que o plano tem por base dez fatores:

- Radiação e a segurança nuclear, que tem por base o objetivo de restaurar a segurança em torno da maior central nuclear da Europa, que apesar de se localizar em Zaporíjia na Ucrânia, está sobdomínio russo desde o início da invasão.

- Garantia da segurança alimentar, que inclui a proteção e garantia dasexportações de cereaisda Ucrânia para as nações mais pobres do mundo.

- Segurança energética. Zelensky foca este ponto nalimitação dos preços pagos pelos recursos energéticos russose na ajuda internacional prestada à Ucrânia para que seja possível restaurar as suas infraestruturas de energia, uma vez que metades das existentes no país foramdanificadaspor ataques russos desde o início da invasão.

- Libertação de todos os prisioneiros de guerra ucranianos e deportados, incluindo as crianças deportadas para a Rússia que os meios de comunicação internacionais têm noticiado que estão a ser registadas para adoção.

- Restaurar a integridade territorial da Ucrânia, a Rússia deve reafirmar as fronteiras entre os dois países com base na Carta da ONU.

 - Retirada de todas as tropas russas do território ucraniano e cessação das hostilidades, através da restauração das fronteiras entre os dois países vizinhos.

- Justiça. Este ponto passa pelo pedido de Zelensky para que seja estabelecido umtribunal especial para processar crimes de guerra russose que os autores dos mesmos sejam condenados.

- Prevenção para o ecocídio, este ponto trata-se da proteção do meio ambiente contra as destruições de larga escala e a sobre-exploração de recursos não renováveis, com foco na desminagem e recuperação das estações de tratamento de água no país invadido.

- Prevenção da escalada do conflito e construção de um plano de segurança que garanta a proteção do espaço euro-atlântico e que traga garantias de proteção para a Ucrânia.

- Confirmação do final da guerra, que inclui um documento assinado por ambas as partes envolvidas.

O que é a Cimeira Global para a Paz?

Depois de em novembro ter apresentado o seu plano para a paz ao G20, em dezembro, Zelensky discursou na reunião do G7, grupo das sete nações mais industrializadas, e pediu-lhes que apoiem a sua ideia para a realização de uma Cimeira Global para a Paz.

Idealmente esta cimeira ocorreria ainda durante este inverno e iria servir para que os líderes mundiais discutissem o plano de paz já apresentado "como um todo ou que se focassem em alguns pontos específicos".

Qual tem sido a resposta aos apelos de Zelensky?

A Rússia tem rejeitado as propostas de paz, apesar de afirmar que estápronta para as negociações. Porém, na terça-feira, Moscovo afirmou que não vai abrir mão de nenhumterritório anexadodesde o início da invasão, o que atualmente representa cerca de um quinto do território ucraniano.

Já omundo ocidental tem apoiadoas forças militares ucranianas. Um apoio que já ultrapassou os milhares de milhões de euros e tem sidoliderado pelos Estados Unidos. Também está a ser enviada ajuda humanitária. No entanto, no que se refere à Cimeira Global para a Paz, o ocidente tem sido mais cauteloso no seu apoio.

Durante a visita de Zelensky a Washington na semana passada, Joe Biden afirmou numaconferência de imprensaque os dois líderes "partilham exatamente a mesma visão" para a paz e que os Estados Unidos se encontram comprometidos em apoiar a Ucrânia para que esta se consiga defender do invasor.

Também os líderes do G7, quando reunidos em dezembro, garantiram que estão comprometidos com o objetivo de restaurar a paz na Ucrânia "de acordo com os seus direitos consagrados na Carta da ONU".

Já António Guterres, secretário-geral da ONU, considera que a guerra vai ser longa e que é necessário "esperar pelo momento em que as negociações sérias de paz sejam possíveis".

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