Sábado – Pense por si

O grande negócio da saúde privada

Bruno Faria Lopes , Lucília Galha 26 de outubro de 2023 às 07:00

No meio da crise no SNS são cada vez mais as pessoas empurradas para o privado. Há uma revolução em curso: os grandes grupos competem com o público até nos tratamentos mais complexos, como o cancro, e têm cada vez mais médicos em exclusividade. Todos vão investir milhões para continuar a crescer. A maior escolha traz um preço: os portugueses são dos que mais pagam do seu bolso em saúde.

Quando Nathália Macagnan recebeu a carta do Hospital de Guimarães dirigida à mãe, já ela tinha morrido – sem sequer ter hipótese de iniciar os tratamentos. A mãe, Joseane Ferreira, 52 anos, tinha um tumor raro com origem nos vasos sanguíneos do fígado. A suspeita surgira em março deste ano, após uma ressonância magnética: havia várias massas no fígado, algumas grandes e com “mau aspeto”. O serviço que fez a ressonância pediu uma consulta urgente de Hepatologia – a especialidade que estuda as doenças do fígado. A espera pela data da consulta arrastou-se e Joseane foi piorando: perdeu oito quilos num mês, ficou com a pele amarela e começou com fortes dores na barriga. No início de maio deu entrada nas urgências e já não saiu – morreu a 26. Em agosto, cinco meses depois do pedido de marcação, chegou a carta do hospital: a consulta, prioritária, fora agendada para fevereiro de 2024, 11 meses depois de ter sido detetado o problema.

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