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Nos oceanos existem 21 mil pedaços de plástico por cada ser humano

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 09 de março de 2023 às 18:33
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As altas concentrações de plásticos foram encontradas em todos os lugares estudados, independentemente da região do planeta.

Existem mais de 170 biliões de pedaços de plásticos espalhados pelos oceanos, o número divulgado esta quarta-feira é muito maior ao anteriormente estimado e está a preocupar os cientistas.

Reuters

Se fosse possível juntar todos estes pedaços formar-se-ia algo com cerca de 2,4 milhões de toneladas métricas. O estudo feito por uma equipa de cientistas do 5 Gyres Institute, com sede em Califórnia, demonstra ainda que este é um número que duplica a cada seis anos.

Para o estudo em questão foram analisadas quase doze mil amostras recolhidas durante 14 anos. Este é um trabalho que começou a ser desenvolvido em 2004, no entanto, foram examinadas amostras de plástico ao longo de 40 anos, começando em 1979. Em 2004, os valores começaram a disparar e os investigadores concluíram que o aumento de partículas de plástico nos oceanos corresponde a um aumento de plástico observado anteriormente nas praias.

Os resultados deixam claro tanto a grande quantidade de plástico que existe nos oceanos, com cerca de 21 mil pedaços por cada um dos oito mil milhões de habitantes da Terra, como as grandes distâncias percorridas pelos plásticos após chegarem à água.

Estas são informações importantes para as negociações que atualmente decorrem entre os membros das Nações Unidas para reduzir a poluição global causada por plásticos, que já começaram o ano passado.

As altas concentrações de plásticos foram encontradas em todos os lugares estudados, independentemente da região do planeta. É esperado que o tratado contra os plásticos esteja concluído até 2024, devendo regular todas as fases do ciclo de vida do plástico, incluindo os tipos de produtos químicos que o compõem e se é facilmente reciclável.

Marcus Eriksen, fundador do 5 Gyres Institute, considera que estes dados podem deixar um sentimento "fatalista". Porém, "ao mesmo tempo o mundo está a negociar um tratado sobre a poluição plástica", pelo que é importante ter estas informações. Isto apesar das amostras estudadas terem terminado em 2019, pelo que os investidores acreditam que os valores reais podem já ser muito superiores.

Marcus Eriksen e o resto da sua equipa viajaram pelo mundo para recolher as amostras, pesquisaram em arquivos de outros investigadores por dados que não chegaram a ser publicados e incorporaram vários estudos na sua análise.

Apenas 10% do plástico que alguma vez foi feito chegou a ser reciclado, o que não chega aos aterros é normalmente arrastado para os rios e posteriormente para os oceanos. De seguida, inicia o seu processo de decomposição durante o qual, lentamente, se criam pedaços cada vez menores, conhecidos como microplásticos que podem ter menos de 5 milímetros e ser ingeridos.

Já foram encontrados microplásticos junto ao cume do Monte Evereste, dentro do ponto mais profundo da Terra, a Fossa das Marianas, na corrente sanguínea humana e até no leite materno.

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