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Mapeamento detalhado do cérebro pode permitir perceber a origem de transtornos psicológicos e doenças mentais

Um grupo de cientistas deu um enorme salto na pesquisa neurocientífica ao desenvolver um mapeamento cerebral detalhado de mamíferos.

Um consórcio de cientistas internacionais desenhou o mais detalhado conjunto de "mapas de desenvolvimento" do cérebro de mamíferos até ao momento. Com esta descoberta  os especialistas lançaram uma pedra para a compreensão do desenvolvimento do cérebro e como este é essencial na saúde.

Cientistas criam mapa do desenvolvimento do cérebro para entender distúrbios
Cientistas criam mapa do desenvolvimento do cérebro para entender distúrbios Ricardo Meireles

"Ao entendermos quando e onde os genes críticos são ativados durante o desenvolvimento, podemos começar a descobrir como as interrupções nesse processo podem levar a distúrbios como o autismo ou a esquizofrenia. É um conhecimento fundamental que abre caminho para diagnósticos mais precisos e tratamentos direcionados", detalhou Hongkui Zeng, diretora do departamento de Neurociência no Instituto Allen.

Os transtornos mentais, como o autismo, a esquizofrenia e o transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) afetam hoje 15% das crianças e adolescentes em todo o mundo, segundo Tomasz Nowakowski, um dos autores deste estudo. Com esta investigação os cientistas deram, assim, um primeiro passo para entender em que momentos específicos da gravidez é que existe o risco de surgimento de um tumor cerebral ou de uma anomalia no desenvolvimento neurológico. Segundo Nowakowski, os genes envolvidos em transtornos como o autismo e a esquizofrenia ativam-se principalmente no final da gestação.

Isto acontece porque durante a gravidez uma só célula multiplica-se e, a partir da terceira semana, desenrola-se um sistema nervoso rudimentar que culmina num cérebro com 86 milhões de neurónios e biliões de conexões entre eles. Nesta inimaginável coreografia, que acontece no cérebro do feto, algumas células acabam por seguir caminhos diferentes. No ser humano este processo de desenvolvimento do cérebro é mais demorado do que em outras espécies de mamíferos, como os ratos, por isso é mais difícil entender em que fase do desenvolvimento ocorrem essas alterações que podem influenciar a saúde do feto. Mas este mapeamento que foi agora conseguido permite ter mais informações para perseguir a pesquisa, refere Hongkui Zeng. 

Este estudo foi apoiado pela, um projeto de €4.500 milhões que foi lançado pelo antigo presidente dos EUA, Barack Obama, em 2013. O objetivo era acelerar o desenvolvimento de neurotecnologias inovadoras e promover uma maior compreensão do cérebro humano. 

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