Estudo de organização espanhola identificou dezenas de herbicidas e inseticidas na produção de laranjas da África do Sul e pede suspensão da importação na UE. Só em 2017, Portugal importou quase 13 mil toneladas destas laranjas.
Laranjas da África do Sul contêm mais de 50 substâncias proibidas pela UE
Um estudo realizado por uma organização espanhola conclui que as laranjas provenientes da África do Sul têm mais de 50 matérias ativas de produtos fitosanitários proibidos na União Europeia e pedia a suspensão da sua produção. O país é o maior fornecedor de citrinos fora da União Europeia e, só em 2017, Portugal importou da África do Sul quase 13 mil toneladas de laranjas.
A investigação, levada a cabo pela Unió de Llauradors – uma instituição de agricultores na Comunidade Valenciana -, identificou nas laranjas mais de 50 herbicidas ou inseticidas utilizados para eliminar pragas e doenças nas plantas. Entre eles está o paraquat, que segundo a organização é um herbicida que, em determinadas doses, afeta o trato gastrointestinal, os rins, fígado, coração e outros órgãos.
"Também se encontram [autorizados na África do Sul] o 'metil azinfos', proibido pela Agência de Proteção Ambiental desde 2004 e pela União Europeia desde 2006. Este inseticida é altamente tóxico para anfíbios, peixes, mamíferos, crustáceos e moluscos", escreve a organização.
Para a instituição agrária, a UE deve suspender a importação de citrinos da África do Sul - e de qualquer outro país que não cumpra as regras de segurança alimentar - até que este país restrinja o uso de tais substâncias.
A Unió de Llauradors diz que continuará a realizar estudos a todos os acordos comerciais assinados pela UE com países terceiros para garantir que estes não utilizem produtos fitossanitários proibidos na UE, uma vez que põem em risco a segurança alimentar.
O uso desses produtos, "além de representar um risco possível para os consumidores, tem um risco elevado para os responsáveis pela sua aplicação e para o ambiente. Por outro lado, também permite que os agricultores sul-africanos produzam frutas cítricas com custos de cultivo mais baixos do que os agricultores europeus", escreve a organização.
A organização profissional agrária espanhola pretende agora fazer chegar os resultados do estudo à Agência Espanhola de Defesa do Consumidor, Segurança Alimentar e Nutricional, bem como às instituições europeias, designadamente à Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA).
Segundo a Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, em 2017 foram importadas num total de 25.877 toneladas de frutos de citrinos de países terceiros, designadamente da África do Sul, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai e Zimbabué, sendo que mais de metade da quantidade importada é originária da África do Sul.
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