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Como sobreviver à falta de vitamina D no inverno?

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 04 de janeiro de 2025 às 10:00
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Os meses de inverno têm menos dias de sol mas o médico Rui Nogueira explica que é o suficiente para a maior parte das pessoas manterem os níveis da vitamina D.

Apesar de vivermos num país solarengo, no inverno as horas de sol são menos e os seus raios menos fortes pelo que se espalham as preocupações com a falta de vitamina D, essencial para a absorção do cálcio e do fósforo.  

Sérgio Lemos/Medialivre

Estudos referem que precisamos de 30 a 120 minutos de luz do dia diariamente pelo que Rui Nogueira, médico e ex-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, explica à SÁBADO que a falta de vitamina D "é um problema principalmente nos países nórdicos e que não afeta muitas pessoas em Portugal", apesar de existirem "algumas exceções, especialmente nas crianças com menos de um ano de idade e nos idosos que não estão tão expostos ao sol".

Em 2023, o Grupo de Estudos da Osteoporose e Doenças Ósseas Metabólicas da Sociedade Portuguesa de Encrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) recomendou a suplementação a todas as pessoas com mais de 65 anos, a obesos, grávidas, bebés prematuros e adolescentes com amenorreia. Rui Nogueira explica que "atualmente todas as crianças fazem suplementação no primeiro ano de vida e muitas delas, se completarem o primeiro ano durante o inverno, estendem a suplementação até ao início da primavera".

Outro dos problemas do inverno que que toca à absorção da vitamina D é que "a pele está mais coberta", por isso um dos conselhos é tentar apanhar sol nos melhores dias para conseguir absorver alguma vitamina D especialmente porque apesar de "o sol estar mais baixo nesta altura e ter incidência muito pouco vertical, não tem muita influência para aquilo que é a saúde da maior parte das pessoas".  

Os níveis de vitamina D estão ligados à exposição solar, mas também à latitude geográfica onde nos encontramos (é maior nos países com uma latitude inferior a 35 graus, e Portugal encontra-se nos 38/40 graus), da estação do ano (a produção é maior no verão do que no inverno), da superfície corporal exposta ao sol e da duração dessa exposição. 

Em Portugal tem aumentado a venda de suplementos de vitamina D, o que Rui Nogueira considera poder tratar-se de uma moda, já que estas preocupações têm aumentado, mas lembra que também "tem a ver com o envelhecimento da população. À medida que temos uma população mais envelhecida aumenta o número de pessoas a tomar estes suplementos". Questionado sobre os riscos da toma destes suplementos para alguém que não precisa, o médico explica que "a hipervitaminose D não é fácil de acontecer": "O nosso organismo tem mecanismos para regular as nossas vitaminas, em situações normais, em que os rins estão a funcionar na sua plenitude, somos capazes de eliminar o excesso de vitamina D".

O primeiro estudo que analisou a carência da vitamina D na população portuguesa adulta, publicado na revista científica Archives of Osteoporosis, em 2020, revelou que no inverno só dois em cada dez portugueses apresentam níveis normais de vitamina D, mais uma vez Rui Nogueira considera que estes dados se devem sobretudo à população mais velha. 

Para manter níveis adequados de vitamina D, a DGS recomenda a ingestão de ovos e peixes gordos, como a sardinha ou o salmão, e uma exposição solar moderada, tendo em conta também as medidas de prevenção contra os malefícios da exposição.

O médico não deixa de alertar que para a saúde "o excesso de sol no verão pode ser um problema muito maior do que a falta dele, no caso de Portugal, especialmente para aquelas pessoas com a pele e olhos claros". 

Outra das preocupações relacionadas com a baiuxa exposição solar é o isolamento, uma vez que "a falta de sol e as temperaturas baixas levam as pessoas a saírem menos de casa e a fazerem menos exercício físico, o que novamente tem mais impacto nos idosos".

Ainda sobre o inverno, Rui Nogueira reforça a necessidade de se beber água: "Com o frio o consumo de água fica pouco estimulado e facilmente nos esquecemos de beber porque não temos sede, mas é fundamental que o façamos e, para isso, podemos recorrer a bebidas quentes como chás ou infusões".

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