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Cientistas observam estrela gigante vermelha a engolir planeta

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 04 de maio de 2023 às 22:12
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Quando uma estrela inicia a fase de gigante vermelha pode aumentar até cem vezes o seu diâmetro original, absorvendo qualquer planeta na sua órbita. Os cientistas consideram que, daqui a cinco mil milhões de anos, a Terra também pode ser engolida pelo Sol.

Cientistas foram capazes de observar, pela primeira vez, uma estrela a engolir um planeta parecido com Júpiter e, de seguida, a expelir energia para o espaço. Este pode ser um vislumbre do destino da Terra.

K. Miller/R. Hurt Caltech/IPAC/Handout via REUTERS

A estrela em questão estaria no início do que é chamado como gigante vermelha, ou seja, a fase final da sua vida útil uma vez que esgotou o hidrogénio existente no seu núcleo e as suas dimensões se começam a expandir. À medida que a estrela crescia, a sua superfície atingiu a órbita do planeta, que acabou por ser engolido.

A estrela fazia parte da nossa galáxia, a Via Láctea, e estava localizada a cerca de 12.000 anos-luz da Terra. Com tamanho e composição semelhantes a Sol esta estrela já tem 10 mil milhões de anos, o dobro da idade do sol.

Quando uma estrela inicia a fase de gigante vermelha pode aumentar até cem vezes o seu diâmetro original, absorvendo qualquer planeta na sua órbita, até agora nunca tinha sido possível verificar ver uma estrela a engolir um planeta.

O estudo relacionado com esta descoberta foi agora publicado na revistaNature. Kishalay De, autor principal do estudo considera que daqui a cerca de cinco mil milhões de anos, altura em que o Sol vai passar pela sua fase de gigante vermelha, é muito provável que Mercúrio, Vénus e Terra, os três planetas mais próximos do Sol, tenham o mesmo destino.

Ainda assim vale a pena referir que este planeta, um gigante gasoso, se encontrava mais próximo da estrela do que qualquer um do nosso sistema solar, uma vez que completava a sua órbita em menos de um dia, enquanto Mercúrio precisa de cerca de 88 dias para completar uma volta ao Sol.

Morgan MacLeod, astrofísico e outro dos autores do estudo, refere que "o planeta começou a deslizar pela atmosfera da estrela como um satélite que cai na atmosfera da Terra. Quanto mais fundo o planeta caia mais denso era o ambiente e mais rápido ele era arrastado para o centro".

Outra das revelações interessantes foi que a forma "tão repentina" como a estrela engoliu o planeta possibilitou que os cientistas vissem "o seu arroto energético". Este arroto trata-se de algum material que foi expelido no espaço uma vez que "o calor intenso eventualmente destrói o planeta e o seu material é misturado com toda a estrela".

Não foi possível identificar mais planetas em órbita desta estrela, mas ainda assim os investigadores não descartam a possibilidade de existirem.

Os cientistas identificaram a estrela, que rapidamente se tornou cem vezes mais brilhante, no Zwicky Transient Facility no Observatório Palomar da Caltech, na Califórnia.

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