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As descobertas científicas de 2024 que vão mudar o mundo

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 28 de dezembro de 2024 às 10:00
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Oceanos lunares, a forma como envelhecemos e como funcionam as proteínas foram algumas das descobertas atingidas ao longo deste ano.

Cada ano que passa são feitas novas descobertas científicas que nos deixam mais esclarecidos sobre o funcionamento do universo e o do ser humano. Em 2024 ficámos mais perto do conhecimento, apesar de ser claro que uma das belezas da ciência é que está sempre inacabada. ANational Geographicdestaca as cinco descobertas deste ano que podem mudar o mundo.

Oceanos escondidos no sistema solar externo 

Ciência
Ciência Unsplash

Durante muito tempo os cientistas acharam que os oceanos eram algo único da Terra. Marte é conhecido por ser um deserto, Vénus um cenário vulcânico e árido e Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno bolas de gelo.

No entanto, na década de 1980 foram detetados sinais elétricos vindos da lua de Júpiter que sugeriam a existência de um oceano de água quente e salgada escondido debaixo de uma camada de gelo. Esta foi uma dúvida que se manteve no tempo e levou ao lançamento de uma missão da NASA em outubro.

Desde então que os astronautas não param de encontrar evidências sobre a existência de oceanos no sistema solar. Já é certo que Encélado, uma das luas de Saturno, contém um oceano aquoso e vários astronautas têm anunciado evidências de que também a lua Mimas pode ter um oceano.

Estas são descobertas importantes porque a água é um meio fundamental para a vida e serão esses os próximos passos, descobrir se estes oceanos lunares contêm vida, seja ela microbiana ou até algo semelhante a peixes.

Mapeamento do cérebro da mosca da fruta 

Apesar de não ser algo em que pensamos diariamente, a mosca da fruta, Drosophila melanogaster, é uma das espécies mais importantes do planeta. Têm um cérebro minúsculo, mas conseguem realizar muitos dos processos neurológicos básicos de um humano, seja para se alimentarem ou para estabelecerem relações com outro membro do seu grupo.

Em outubro, cientistas mapearam o cérebro de uma mosca da fruta adulta, incluindo 50 milhões de conexões entre cerca de 140 mil neurónios. A cartografia cerebral tem tanto de difícil como de promissora e é especialmente importante neste caso tendo em conta que este cérebro minúsculo pode ser capaz de desvendar respostas sobre o nosso.

Esta descoberta pode ajudar os neurocientistas a entender o que faz uma conexão ser saudável ou não, de onde é que o comportamento é originário e o que é uma memória ou um pensamento. Tendo em conta que o cérebro da mosca é menos complexo do que o dos humanos este pode ser um ponto de partida simplificado.

Os humanos envelhecem de repente  

Existem muitas pessoas que relatam que um dia acordam e sentem uma dor no fundo das costas ou que surgem vários cabelos brancos quando nunca tinham reparado em nenhum e, de repente, começam a sentir-se mais velhos, o que até pode ser verdade. Apesar de envelhecermos diariamente, o corpo humano passa por dois períodos de rápido envelhecimento, o primeiro por volta dos 44 anos e o segundo ao chegar aos 60.

Investigadores utilizaram 108 voluntários, garantindo que existia diversidade a nível das amostras biológicas, e rastrearam o inventário alterável dos bioquímicos e micróbios em diferentes idades. Os resultados foram, até ao momento, difíceis de justificar, mas tanto os homens como as mulheres parecem passar por uma grande mudança ao chegar aos 44 - a maneira como os corpos lidam com doenças cardiovasculares e como decompõem álcool, gorduras e cafeína altera-se -, e, depois disso, ao chegar aos 60 anos - a nossa regulação imunológica e metabólica sofre novas mudanças.

Ainda não foi possível verificar se estas alterações são influenciadas por mudanças no estilo de vida ou se é uma questão puramente biológica, pelo que ainda são necessários mais estudos.

Tudo começa nas estrelas

O astrónomo americano Carl Sagan, falecido em 1996, afirmou que somos feitos de matéria estrelar, o que ficou comprovado que é real. Todos os elementos que nos compõem são originários da morte de inúmeras estrelas, mas a missão da NASA OSITIS-REx pretende agora descobrir de onde é originária toda esta matéria estelar.

Em 2020 a sonda Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, and Security-Regolith Explorer conseguiu pousar no asteroide Bennu e recolher parte do seu material primitivo antes de voltar para a Terra, o que aconteceu em setembro de 2023. A amostra de 121,6 gramas, a maior já alguma vez recolhida, expôs que o sol é constituído pela morte de várias estrelas, mas também demonstrou que algumas moléculas são originárias de um mundo geologicamente destruído.

Ainda não foi possível aprofundar o conhecimento trazido por esta amostra, apenas foi estudado 1%, mas parece que pode reescrever o que é conhecido sobre as origens do sistema solar.

Inteligência artificial desvenda os segredos das proteínas 

Este ano o prémio Nobel da Química foi dado a investigadores envolvidos no estudo de proteínas. Este é um estudo fundamental porque entender como funcionam é vital para compreender como é que doenças se proliferam e como é que podem ser detidas.

Dois dos três premiados, Demis Hassabis e John Jumpe, utilizaram o modelo de IA AlphaFold2 para conseguir atingir as suas descobertas. A inteligência artificial foi capaz de prever a estrutura de quase 200 milhões de proteínas, cuja existência foi descoberta pelos cientistas. Esta é uma ferramenta importante para otimizar de forma precisa que tipos de proteínas estão envolvidas ou resultam de todos os tipos de reações químicas.

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