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António Guterres: "Vejo um momentum como nunca vi para proteger o oceano"

Ana Bela Ferreira, em Nice 10 de junho de 2025 às 11:04

Secretário-geral da ONU está em Nice na terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano. Aos jornalistas voltou a sublinhar a "urgência" de se tomarem medidas para a proteção dos oceanos e aumentar a "responsabilização".

Entre o esperançoso e o preocupado, António Guterres falou esta manhã aos jornalistas em Nice, onde está para participar na terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC). O secretário-geral das Nações Unidas reconheceu estar a assistir a "ummomentumque nunca tinha visto" em relação à proteção do oceano.

Luiz Rampelotto/EuropaNewswire/picture-alliance/dpa/AP Images

Guterres falava em relação ao número de países que se têm comprometido em assinar o Acordo sobre a Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Marinha de Áreas Além da Jurisdição Nacional (BBNJ, na sigla em inglês), também conhecido como Tratado do Alto-Mar. É precisa a ratificação de 60 países para a que lei entre em vigor - neste momento já ratificaram 50, dos quais 18 logo no primeiro dia da Conferência. "Penso que esta Conferência está a fazer a diferença, levámos 12 anos para a entrar em vigor do anterior acordo para os oceanos e agora em dois anos de BBNJ já temos 50 ratificações e 15 com intenção de o fazer em breve é um recorde em menos de dois anos. Vejo um momentum agora que é difícil de igualar com o passado", apontou o secretário-geral da ONU.

Ainda assim, o líder das Nações Unidas lembrou que o momento é também de emergência. "Estamos num momento de emergência, num ponto sem retorno, e não temos visto tanta urgência em avançar para a implementação do aumento da temperatura para 1,5 graus. Temos de acelerar a nossa urgência e espero isso na próxima COP [Conferência do Clima] e estamos a fazer essa pressão", sublinhou, acrescentando: "Sabemos que a era dos combustíveis fósseis está a chegar ao fim, mas o problema é: será a tempo?"

Para já, deixou quatro prioridades que, referiu, tem vindo a sublinhar na UNOC. A primeira tem a ver com a forma como pescamos. "A pesca sustentável não é uma escolha - é a nossa única opção", defendeu António Guterres. "Temos o dever moral de assegurar que as gerações futuras herdam um oceano cheio de vida."

A segunda prioridade tem de ser acabar com "a praga da poluição com plásticos". Daí que Guterres tenha defendido o fim dos plásticos de uso único, reformular os sistemas de resíduos e aumentar a reciclagem. A terceira prioridade é estender a luta contra as alterações climáticas ao oceano. "Durante décadas o oceano tem estado a absorver as emissões de carbono e o calor de um planeta em aquecimento. Isso tem um custo. À medida que preparamos a COP30 no Brasil, os países devem apresentar planos nacionais de ação ambiciosos, de forma a estarem alinhados com o aumento global das temperaturas de 1,5 graus celsius".

Por último, a prioridade deve se a aplicação do BBNJ. "A sua entrada em vigor está à vista e apelo aos restantes países que se juntem aos que já ratificaram o documento. Não há tempo a perder." António Guterres apelou também à "responsabilidade coletiva de agir com grande cautela" no caso da mineração do fundo do mar. "O fundo do mar não se pode transformar no Oeste Selvagem."

A jornalista viajou a convite da Fundação Oceano Azul

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