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Alterações climáticas com impactos emocionais marcantes nas redes sociais

Lusa 14 de julho de 2025 às 19:49

Um estudo europeu, publicado na revisa científica "Scientific Reports" (do grupo "Nature") analisou mais de 1,7 milhões de "tweets", em português, espanhol e inglês, concluindo que a raiva, a tristeza e a ironia dominam as publicações "online" relacionadas com as alterações climáticas.

O modo como cidadãos da Península Ibérica falam sobre alterações climáticas nas redes sociais revela padrões emocionais marcantes, com sentimentos negativos, neutros mas também indiciando ironia, segundo um estudo esta segunda-feira divulgado.

EPA

O estudo europeu, publicado na revisa científica "Scientific Reports" (do grupo "Nature") analisou mais de 1,7 milhões de "tweets", em português, espanhol e inglês, concluindo que a raiva, a tristeza e a ironia dominam as publicações "online" relacionadas com as alterações climáticas.

Segundo os resultados, divulgados num comunicado da consultora portuguesa NBI -- Natural Business Intelligence, há uma predominância de sentimentos negativos (39%) e neutros (35%), frequentemente associados a fenómenos extremos como incêndios, secas e tempestades.

Cerca de um quarto das publicações continha ironia -- um registo especialmente prevalecente nas culturas portuguesa e espanhola, utilizado como forma indireta de crítica ou desabafo.

Segundo a investigação, a frequência de publicações associadas a raiva aumentou nos últimos quatro anos, refletindo uma maior inquietação pública com os impactos e respostas (ou ausência delas) à crise climática.

O estudo detetou também picos de atividade emocional em momentos de impacto climático elevado, como os incêndios de Pedrógão Grande (junho 2017), a tempestade tropical Ophelia (outubro 2019), ou a onda de calor de 2022.

Na análise das publicações na rede social Twitter/X ao longo de 12 anos (2010-2022) recorreu-se nomeadamente a modelos de inteligência artificial.

A investigação foi conduzida por equipas da Universidade do Porto (FCUP, InBIO), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (CITAB), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), BIOPOLIS, INESC TEC (LIAAD), Universidad de Extremadura (Espanha), Czech Academy of Sciences (Chéquia) e da Université Paris-Saclay (França).

E teve também o contributo da NBI, uma consultora que tem vindo a integrar ciência, dados e território no apoio à transição ecológica.

A investigação é uma das primeiras a aplicar uma abordagem combinada de análise de sentimentos, emoções e ironia em três línguas e numa escala regional europeia. As ferramentas aplicadas permitiram classificar sentimentos, emoções e ironia com até 92% de precisão.

A NBI, segundo o comunicado, é a primeira consultora portuguesa especializada em Economia de Base Natural.

O grupo "Nature" é responsável por títulos como "Nature", "Scientific Reports" ou "Nature Communications", entre outros.

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