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Quem é o príncipe romeno fugitivo com três mandados de extradição em cinco anos?

Paul Philippe da Roménia, que não pertence oficialmente à Casa Real romena, escapou a dois mandados de captura e extradição europeus, e poderá escapar agora ao terceiro.

O príncipe fugitivo da Roménia, Paul-Philippe, foi detido pela terceira vez desde 2020, na madrugada de segunda-feira (7). A polícia francesa prendeu-o na sua casa em Paris, com base num mandado de captura europeu emitido pelas autoridades romenas.

Flickr/Prince Paul of Romania

O Tribunal da Relação de Brasov, uma cidade situada no centro da Transilvânia, terá solicitado ao gabinete SIRENE (sigla para Solicitação de Informações Suplementares nas Entradas Nacionais), para emitir um alerta para a detenção e a entrega de Paul à polícia francesa. O processo deste pedido de detenção e extradição emitido pela Roménia já está em andamento, de acordo com fontes citadas pelo site noticioso romeno, G4media.

Segundo o G4media, o príncipe tinha sido condenado em 2020 a três anos e quatro meses de prisão por tráfico de influências, lavagem de dinheiro e suborno pelo seu papel num esquema de restituir terras reais que tinham sido confiscadas e expropriadas pelo regime comunista. 

Foi acusado de colaborar com uma rede criminosa, que incluía o empresário romeno Remus Truica, entre 2008 e 2013, que visava recuperar terrenos que pertenciam à família real, nomeadamente 47 hectares na Floresta Snagov e outros 27 hectares de uma antiga quinta real em Baneasa, a norte da capital, Bucareste. O valor total das terras chegava a 145 milhões de euros

Paul já tinha sido preso em Paris em 2022, mas na altura o Tribunal da Relação recusou a extradição para a Roménia, considerando que poderia haver um "risco real" dos seus direitos serem violados. Dois anos mais tarde, em 2024, viajou para a ilha de Malta para um evento, onde foi detido de novo, fruto de outro mandado europeu. Dessa vez, também foi negada a sua extradição para a Roménia. 

Ao jornal Times of Malta, o príncipe, que ficou cerca de dois meses na prisão à espera de ser libertado sob fiança, relatou que tinha sido mantido numa cela com outros sete homens, com um pátio para fazer exercício. "Não era muito mau, as pessoas eram decentes, bastante corretas comigo, mas é muito enervante vir a um lugar bonito como Malta e encontrar-me fechado numa prisão", disse. 

À publicação, Paul negou também ter cometido qualquer crime, acusando as autoridades romenas de "sabotarem" a reivindicação legítima das propriedades que pertenciam à sua família. Embora na Roménia seja possível a reclamação de terras confiscadas pelos comunistas, quando o príncipe e o seu pai o tentaram fazer, foram recusados.

"Basicamente, é uma questão de ganância. Muitos políticos queriam estas propriedades e não ficaram satisfeitos por querermos reclamá-las, apesar de termos todos os direitos como qualquer cidadão romeno", afirmou.

No que toca ao seu título real, Paul atualmente não faz parte da Casa Real. Apesar da decisão dos tribunais portugueses e franceses, durante as décadas de 50 e 60, de reconhecerem o seu pai como um filho legítimo do rei Carol II, e do tribunal romeno ter confirmado o seu título, a sua legitimidade foi retirada, devido à anulação do casamento dos seus pais. O seu tio, rei Miguel I, nunca o reconheceu enquanto membro da família real. 

A Roménia aboliu a monarquia em 1947, o que fez com que os restantes membros reais ficassem cerca de quatro décadas no exílio. Paul Philippe nasceu em 1948 em Paris, mais tarde estudou no colégio britânico Gordonstoun, ao mesmo tempo que o rei Carlos, e durante os anos 90 regressou ao seu país natal.

Como resposta às alegações de não ser um herdeiro legítimo do rei Carol II, ao Times of Malta, o príncipe considerou a ideia "ridícula", uma vez que o Supremo Tribunal romeno reconheceu a sua linhagem real. "Eles próprios o reconheceram, e foi reconhecido em cinco países da Europa nos anos 50 e 60. Portanto, é evidente que houve um envolvimento político nessa decisão [de rejeitar a reivindicação das terras]", afirmou.

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