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Estudo revela que burnout afecta todos os trabalhadores dos hospitais

03 de abril de 2018 às 11:56
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Investigadores defendem que programas que visem reduzir os níveis de burnout devem ter em consideração todas as categorias profissionais e não apenas as que lidam de forma mais directa com os doentes.

Um estudo coordenado pela Unidade de Investigação em Epidemiologia, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluiu que a síndrome deburnoutafecta todos os profissionais que trabalham em hospitais, independentemente da função que desempenham.

Os investigadores defendem, por isso, que os programas que visem reduzir os níveis deburnoutnesta população devem ter em consideração todas as categorias profissionais, e não apenas os profissionais de saúde que lidam de forma mais directa com os doentes.

A síndrome deburnouté um estado de fadiga física e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional e que engloba três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal.

A investigação, publicada na revistaOccupational Medicine, surgiu para tentar colmatar a falta de informação sobre a prevalência doburnoutem profissionais hospitalares cujas funções não estavam directamente ligadas ao tratamento da doença.

Ana Henriques, investigadora do ISPUP, explicou que "a síndrome doburnoutera mais frequentemente avaliada em médicos e enfermeiros, havendo menos evidência sobre a sua prevalência em outras categorias profissionais que trabalham em contexto hospitalar".

Além de procurar avaliar a prevalência deburnoutem cinco categorias de profissionais do contexto hospitalar (auxiliares de acção médica, enfermeiros, técnicos superiores de saúde e de diagnóstico e terapêutica, administrativos e médicos), a investigação tentou também perceber em que medida é que a categoria profissional se associa a níveis elevados deburnout.

Participaram no estudo 368 profissionais hospitalares, que responderam a um questionário via e-mail.

"Entre os médicos, enfermeiros e técnicos administrativos, verificámos um risco elevado deburnoutem proporções muito semelhantes. Contudo, isso não significa que os motivos que levam aoburnoutsejam os mesmos", diz a investigadora, que sublinha a necessidade de estudos complementares que avaliem as causas desta síndrome.

Ao nível de políticas de saúde pública, o estudo sublinha que "os programas futuros que visem reduzir os níveis deburnoutem ambientes hospitalares devem ter em linha de conta todas as categorias profissionais e as especificidades de cada uma delas".

O estudoThe effect of profession on burnout in hospital staffé também assinado pelos investigadores Maria Manuel Marques, Elisabete Alves, Cristina Queirós e Pedro Norton.

O Serviço de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar de São João, o Departamento de Ciências da Saúde Pública e Forenses e Educação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto participaram também na investigação.