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Depois das cheias, tenta-se recuperar as memórias perdidas em Valência  

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 15 de novembro de 2024 às 11:30
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O projeto Salve as Fotografias, da Universidade de Valência, pretende restaurar e recuperar fotografias danificadas pelas cheias. Um dos principais desafios é o facto de que muitas imagens estarem agora coladas a outras.

As cheias que assolaram Valência no final de outubro deixaram um rasto de destruição. Ana Piedra Carbonell conseguiu salvar apenas uma moldura de uma fotografia da família quando as enchentes destruíram a casa da sua mãe em Algemesi, em Valência. 

A moldura está agora coberta de lama e a fotografia onde se encontra com a sua mãe, irmã e o já falecido pai está molhada e desintegrada. Dado ao estado de conservação da única memória que resta da família, temem agora que o momento desapareça para sempre e para tentar evitar tal desfecho, a Universidade de Valência criou o projeto Salve as Fotografias.  

"É a única lembrança que a minha mãe tem do meu pai que faleceu quando ela tinha 36 anos, agora tem 74", referiu Ana Piedra Carbonell ao entregar a sua fotografia num dos pontos de recolha. "Mobília e carros podem ser substituídos, fotografias são um bem material, mas conseguem alcançar um valor sentimental incalculável". 

O projeto Salve as Fotografias pretende restaurar e recuperar fotografias danificadas para as conseguir devolver à comunidade. Um dos principais desafios é o facto de que muitas fotografias estavam guardadas em conjunto e estão agora coladas, disse Marisa Vazquez de Agredos, chefe do departamento de património da universidade. 

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Mais de 220 pessoas morreram devido às chuvas torrenciais que despoletaram cheias na região de Valência a 29 de outubro. A quantidade de água foi tão elevada causou danos incalculáveis nas propriedades dos moradores.  

Pilar Jimenez, ao contrário de Ana Piedra Carbonell, conseguiu salvar todo o arquivo da família, tão grande que o soldado que a estava a ajudar na limpeza da casa teve de utilizar um carrinho de mão para transportar as fotografias: "Trago a minha vida inteira, as minhas filhas em pequenas, o meu casamento, tudo". 

"O meu pai gostava muito de fotografia, também tenho muitas fotos minhas quando era criança", referiu a mulher de 65 anos, de Aldaia, que pediu aos técnicos para fazerem uma seleção das suas fotografias e "não perderem tempo a tentar salvar tudo".  

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