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Hong Kong tem dois filmes nos Óscares, mas não vai ver a cerimónia

Lusa 30 de março de 2021 às 07:50

Pela primeira vez em mais de 50 anos, o território não irá exibir a entrega de prémios de cinema, para o qual está nomeada a curta-metragem "Do Not Split", sobre os protestos pró-democracia no país, e que valeu a censura do governo chinês.

A cerimónia dos Óscares não será transmitida em Hong Kong pela primeira vez em mais de 50 anos, apesar de o território ter um candidato a Melhor Filme Estrangeiro e também uma curta-metragem sobre os protestos de 2019.

Em comunicado, o canal de televisão TVB confirmou que não transmitirá a cerimónia este ano, ao contrário do que vinha fazendo desde 1969, uma decisão que assegurou ser "puramente comercial", mas que coincide com a censura promovida pelo Governo chinês contra a curta-metragem "Do Not Split", sobre os protestos pró-democracia que abalaram o território em 2019.

O filme, de 36 minutos, é candidato ao prémio de Melhor Documentário de Curta-metragem.

Realizado e produzido por Anders Hammer, o documentário mostra a versão dos manifestantes sobre os protestos sem precedentes de 2019 na antiga colónia britânica, que levaram a confrontos violentos com a polícia e a milhares de detenções.

No início deste mês, a China pediu aos meios de comunicação locais que limitem a cobertura da 93.º edição dos prémios norte-americanos de cinema, agendada para 25 de abril, para "evitar embaraços e a bem da correção política", segundo o jornal de Hong Kong Apple Daily.

"Better Days", de Derek Tsang, também está nomeado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, sendo a primeira vez que um realizador de Hong Kong é candidato a este prémio.

Na categoria de Melhor Filme está selecionado ainda "Nomadland", da realizadora Chloé Zhao, nascida em Pequim (também nomeada para o prémio de Melhor Realização), a primeira asiática a receber o prémio de melhor realizadora nos últimos Globos de Ouro.

Apesar de o prémio ter sido motivo de orgulho na China, a realizadora atraiu a ira das redes sociais, após ter sido divulgado que criticou o gigante asiático numa entrevista de 2013, tendo dito que é "um lugar onde há mentiras por todo o lado".

Na China, as buscas sobre "Nomadland" foram bloqueadas na internet, censurada por Pequim, que elimina conteúdo considerado politicamente sensível.

Hong Kong vive atualmente uma situação difícil para as liberdades, após a imposição de Pequim de uma lei da segurança nacional, em junho passado, que levou à detenção ou ao exílio de milhares de militantes pró-democracia.

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