A larguíssima maioria das minhas viagens de interrail (muitas) nos meus anos iniciais de juventude - final de adolescência, primeiro emprego, segundas leituras - decorreu nos países nórdicos, aos quais devo muito. Da ponte entre Puttgarden e Rødby (da Alemanha para a Dinamarca) até Honningsvåg (o Cabo Norte) e Kirkenes, fronteira norueguesa com a Rússia (e a velha URSS de então), das ilhas Lofoten às passagens lisas e arborizadas da Lapónia - suecos, noruegueses, dinamarqueses (e um pouco finlandeses, que são de outro continente) mostraram-me o bastante sobre várias coisas: o silêncio e a sua duração, o gosto pela paisagem e o respeito pelo antigo e pelas raízes, a qualidade material das coisas, a frontalidade e a aceitação do tempo. Toda a grande e a monumental lista de defeitos vem a seguir - e ocuparia uma página inteira desta crónica, ao lado de recordações de paisagem, encontros fortuitos em comboios noturnos, surpresas e coisas que fui esquecendo.

Deixar a vida em ordem

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