"É inadmissível que uma multinacional que tem mais de 500 milhões de euros de lucros pratique uma política de salário nacional", diz dirigente sindical.
Trabalhadores decall center daRandstad, segunda-feira em greve, concentraram-se junto da sede da multinacional em Lisboa, exigindo aumentos salariais e a integração nos quadros das empresas para as quais prestam serviços.
"Queremos aumentos de salários dignos e uma majoração das férias, entre outras reivindicações, que fazem parte do caderno reivindicativo, pois a achamos inadmissível que a empresa tenha respondido a tudo pela negativa", disse à agência Lusa a dirigente do Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas (SIESI), Anabela Silva.
A sindicalista afirmou ainda que "90% dos trabalhadores da Randstad II que prestam serviços - ao nível da faturação, tratamento de reclamações e da reparação de avarias, entre outros, - aos diferentes clientes das empresas empregadoras, caso daEDP, aderiram à greve".
E prosseguiu: "É inadmissível que uma multinacional que tem mais de 500 milhões de euros de lucros pratique uma política de salário nacional e inaceitável que as empresas utilizadoras dos serviços [de 'outsourcing'] não contratem diretamente os trabalhadores, o que não tem nada de responsabilidade social".
Em comunicado, o SIESI esclarece que as retribuições dos trabalhadores dos 'call center' "não têm tido qualquer alteração significativa desde que há conhecimento, salvo as que resultam do aumento do salário mínimo nacional, que abrange cerca de 40% dos trabalhadores".
Apesar de admitir que a Randstad, no início do processo negocial com os representantes dos trabalhadores manifestou abertura para satisfazer as propostas, acabou por adotar "uma atitude impositiva e de intransigência", alega o sindicato, que espera que a situação possa "vir a ter desenvolvimentos" na reunião marcada para quinta-feira, uma vez que para 2019 "não houve acordo sobre nada".
Os trabalhadores reclamam a sua integração nos quadros das empresas para qual prestam serviços, uma vez que o 'outsourcing' atribuído à Randstad configura uma "falsa prestação de serviços" e um expediente destinado "a embaratecer os custos do trabalho e a manter a precariedade laboral extrema".
Alertam ainda para situações de sub-subcontratação existentes e querem impedir a deslocalização do local de trabalho de cerca de 38 trabalhadores que prestam serviço da EDP aos clientes espanhóis da Hidrocantábrico.
"É inaceitável que a 30 de junho os trabalhadores da linha de serviço da EDP aos clientes espanhóis da Hidrocantábrico não tenham trabalho e se desconheça a sua situação", lamentou Anabela Silva.
A sindicalista referiu ainda à Lusa que o SIESI "já pediu audiências" aos grupos parlamentares para sugerir alterações legislativas que imponham aos "prestadores de serviços" a aplicação aos trabalhadores das condições de trabalho observadas pelos utilizadores em relação aos seus próprios funcionários e, posteriormente, a sua integração no quadro do pessoal dos utilizadores.
Em comunicado, a Randstad esclarece que "as declarações do SIESI não correspondem à verdade".
Sobre a deslocalização dos trabalhadores, a Randstad explica que "enquanto entidade prestadora de serviços, procura responder às necessidades de negócio do seu cliente, sendo este por natureza dinâmico e que pode, por motivos estratégicos, ter uma mudança de localização".
E continua: "O nosso foco será sempre garantir que os colaboradores são integrados em outras oportunidades que possam surgir e que se adequem às suas preferências e perfil".
Nesse sentido, os colaboradores "são sempre acompanhados pelos nossos gestores de carreira em entrevistas para validação e atualização de competências e, até mesmo, em entrevistas com potenciais clientes onde possam ser integrados noutras oportunidades".
Por último, no que respeita aos aumentos salariais no caso dos que prestam serviços à EDP, a Randstad refere que "o último aumento foi realizado em 2018, num valor médio de 1,4%".
A multinacional recorda ainda que o seu negócio "são as pessoas, sendo os colaboradores e a sua empregabilidade a maior prioridade".
Trabalhadores de call center da Randstad pedem aumento salarial
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