Sábado – Pense por si

Robles e Ferreira querem esclarecimentos da CML sobre desabamento

Os dois candidatos à Câmara Municipal de Lisboa pediram esclarecimentos à maioria socialista na CML

Os candidatos do BE e da CDU à Câmara de Lisboa solicitaram hoje esclarecimentos à maioria socialista na autarquia relativamente ao desabamento de terras que ocorreu na segunda-feira na Rua Damasceno Monteiro, na Graça.

"Há relatos de moradores de que há 15 anos que há troca de mensagens e de registos com a Câmara Municipal a alertar para a fragilidade daquele muro de contenção", disse à agência Lusa o candidato bloquista, Ricardo Robles.

Para o também líder do BE na Assembleia Municipal de Lisboa, "é preciso saber porque é a Câmara não ligou a estes alertas e não ouviu os moradores que se queixavam, para perceber o que é que aconteceu".

"Depois, é preciso intervir rapidamente para garantir as condições de segurança e as pessoas voltarem às suas casas", sublinhou, argumentando que os residentes "têm de ter uma garantia e uma data sobre quando podem regressar às suas casas".

Questionado sobre a entidade a que devem ser imputados os prejuízos do deslizamento, Ricardo Robles defendeu que, "se de facto houve uma inacção da Câmara perante esses alertas, a Câmara tem de assumir todas as responsabilidades, tanto ao nível da reconstrução, como do realojamento dos moradores e na reposição de condições de segurança".

Também ouvido pela Lusa, o candidato da CDU à presidência do município lisboeta, João Ferreira, sustentou que "é necessário conhecer melhor esta situação e apurar os factos e as intervenções que houve e as que não houve e deveria ter havido".

"Tanto quanto sei, os moradores tinham alertado para uma situação que fazia adivinhar algo do tipo, o que veio a acontecer. A Câmara tem a possibilidade e o dever de, em situações de risco, intervir sobre propriedade privada, resolvendo esse risco, não deixando de imputar ao proprietário os custos associados à intervenção", realçou o também vereador comunista.

Agora, "o que se exige, e penso que está a acontecer, é que os serviços da Protecção Civil estejam a acompanhar a situação", adiantou.

Parte do muro (propriedade privada) do condomínio Vila da Graça, no bairro Estrela d'Oiro, ruiu pelas 05:40 de segunda-feira, provocando um deslizamento de terras para as traseiras de cinco edifícios da rua Damasceno Monteiro (dos números 102 ao 110).

Moradores desalojados da Rua Damasceno Monteiro retiraram hoje "à pressa" roupas e outros bens dos prédios afectados pelo desabamento de terras de segunda-feira, confessando que há anos que viviam com receio desta situação.

Segundo a autarquia, mantêm-se evacuados os prédios dos números 102, 104, 106, 108 e 110 da Rua Damasceno Monteiro, num total de 78 pessoas realojadas.

Também hoje, a rua foi interditada à circulação automóvel para arrancarem as obras de intervenção nos prédios afectados.

O deslizamento, cujas causas ainda não são conhecidas, provocou danos nestes cinco edifícios de habitação e em algumas viaturas.

Entretanto, a autarquia disse que iria tomar posse administrativa do terreno - incluindo o muro e a zona envolvente -, para que se possa dar início às obras de requalificação, de forma a resolver o problema e evitar novos desabamentos.