Sábado – Pense por si

Risco de conflitos no mundo é o maior desde a II Guerra Mundial

10 de janeiro de 2017 às 08:44
Capa da Sábado Edição 26 de agosto a 1 de setembro
Leia a revista
Em versão ePaper
Ler agora
Edição de 26 de agosto a 1 de setembro
As mais lidas

O relatório dos serviços secretos norte-americanos apresenta um quadro com cores sombrias sobre os desafios subsequentes à ordem internacional característica do pós Segunda Guerra Mundial,

O novo Governo dos EUA vai enfrentar um mundo onde o risco de conflito, crescimento económico reduzido e pressões antidemocráticas é o maior desde a Segunda Guerra Mundial, refere um documento dos serviços secretos norte-americanos. 

A liderança dos EUA está em declínio perante as mudanças no poder económico, político e tecnológico, que constituem profundas alterações no panorama internacional e "pressagiam um futuro próximo negro e difícil", segundo o documento "Global Trends: Paradox of Progress" ("Tendências Globais: Paradoxos do Progresso"), do Conselho Nacional de Informações. "Os próximos cinco anos vão ver o aumento de tensões dentro e entre países. Para o melhor e o pior, a emergente paisagem global está a desenhar o fim da era do domínio norte-americano que se seguiu à Guerra Fria, acrescentaram os autores do texto.

O Conselho Nacional de Informações (National Intelligence Council), um grupo de investigação dependente do director das Informações Nacionais (National Intelligence), divulga a sua avaliação global de quatro em quatro anos. Esta divulgação ocorre a 11 dias da tomada de posse de Trump.

O relatório apresenta um quadro com cores sombrias sobre os desafios subsequentes à ordem internacional característica do pós Segunda Guerra Mundial, incluindo disparidades económicas extremas, deslocações tecnológicas, mudanças demográficas, os impactos das alterações climáticas e a intensificação dos conflitos identitários.

Acresce que as democracias ocidentais vão ter cada vez mais dificuldade em manterem-se fiéis aos seus princípios e evitarem ser separadas umas das outras.

"Vai ser cada vez mais difícil cooperar internacionalmente e governar da forma que o público espera", acrescentou-se no texto.

Mais países vão ser capazes de "vetar" esforços de cooperação e a miríade de canais de comunicação global vão deixar grandes números e grupos de pessoas desinformados e divididos. "As 'câmaras de eco' da informação vão reforçar as incontáveis realidades concorrentes", prevêem os autores dodossier.

No documento, cujos autores incluem analistas das comunidades académica e das informações, também se admitiu que o liberalismo que tem definido o Ocidente e os seus aliados desde a Segunda guerra Mundial está ameaçado pelo populismo, tanto à esquerda como à direita, devido à dificuldade crescente de governar países e sociedades. "Os públicos vão querer que os governos lhes garantam segurança e prosperidade, mas rendimentos baixos, desconfiança, polarização e uma lista crescente de questões emergentes vão dificultar o desempenho dos governos", especificou-se.

Estas tendências sublinham a necessidade de EUA escorarem as suas tradicionais amizades e alianças ocidentais, à medida que a Federação Russa e a China testarem a sua vontade de manterem a sua influência.

Cuidados intensivos

Regresso ao futuro

Imaginemos que Zelensky, entre a espada e a parede, aceitava ceder os territórios a troco de uma ilusão de segurança. Alguém acredita que a Rússia, depois de recompor o seu exército, ficaria saciada com a parcela da Ucrânia que lhe foi servida de bandeja?