O saltador nasceu em Santiago de Cuba, no dia 30 de junho de 1993 e, desde cedo, mostrou que estava reservado para grandes voos, o maior, até agora, foi alcançado hoje na final do triplo salto dos Jogos Olímpicos.
Pedro Pablo Pichardo tornou-se hoje no quinto português campeão olímpico, o segundo no triplo salto, mantendo o pleno do atletismo neste historial, depois de ter sido adotado pelo país e pelo Benfica.
O saltador nasceu em Santiago de Cuba, no dia 30 de junho de 1993 e, desde cedo, mostrou que estava reservado para grandes voos, o maior, até agora, foi alcançado hoje na final do triplo salto dos Jogos Olímpicos.
Nesta disciplina, sucedeu a Nelson Évora, campeão em Pequim2008 e que se despediu na terça-feira, sem um abraço de Pichardo e sem surpresa, após ter chegado a Tóquio2020 com a melhor marca do ano ao ar livre (17,92 metros) e dominado a qualificação (17,71).
Este foi só mais um dos palcos mundiais a ser conquistado por Pichardo, que se sagrou campeão do mundo de juniores, em 2012, no ano seguinte, vice-campeão absoluto e, em 2015, juntou-se ao exclusivo lote de triplistas a voar mais de 18 metros, juntando-se ao recordista mundial Jonathan Edwards, aos norte-americanos Christian Taylor, Will Claye e Kenny Harrison e ao francês Teddy Tamgho.
Os 18,29 de Edwards são o desafio que se coloca a Pichardo, que cumpriu em Tóquio a estreia olímpica, depois de ter ficado afastado do Rio2016, então por decisão dos médicos da seleção cubana, devido a uma microfratura num tornozelo.
Pichardo não aceitou bem, desentendeu-se com a federação, que não o deixava ter o pai como treinador, que ainda hoje o orienta, e foi suspenso. Em abril de 2017, desertou de um estágio da seleção em Estugarda na Alemanha, rumou a Portugal, onde foi acolhido como refugiado e assinou pelo Benfica, graças à intervenção da responsável pela modalidade, e também antiga saltadora, Ana Oliveira.
"Tomámos conhecimento da decisão do Pedro e, seguindo a estratégia da direção do Benfica, fizemos um convite, que foi aceite de imediato, porque já conhecia o clube. Depois, tudo correu de forma natural, apesar de algumas pessoas não terem percebido o impacto desta contratação. Estamos orgulhosos pelo que fizemos, porque agora o Pedro é um português integrado e realizado na sua vida", explicou Ana Oliveira, em declarações à Lusa.
O então cubano era a resposta à transferência de Évora para o rival Sporting e, sete meses depois, em novembro de 2017, naturalizou-se português -- um processo que só ficou concluído para a federação internacional em outubro do ano seguinte --, tendo, na estreia com as cores nacionais, sido quarto nos Mundiais de 2019, antes de conquistar o título de campeão europeu em pista coberta de 2021.
De resto, a 'oficialização' da nacionalidade chegou em 13 de novembro de 2017, um dia antes de a filha nascer.
Um pouco avesso a entrevistas, apreciador do Algarve, que lhe faz lembrar a sua terra natal, e de comida portuguesa, à exceção do tradicional bacalhau, arrebatou o recorde nacional em 2018, ao saltar 17,95 na etapa de Doha da Liga de Diamante, que viria a conquistar.
"O Pedro é muito inteligente e tem uma enorme capacidade de aprendizagem e decisão. É um autodidata e gosta de ser autónomo, o que lhe permitiu também uma mais fácil e maior adaptação à nossa sociedade. Ele adora Portugal, é extremamente cuidadoso e exigente consigo próprio. Costuma dizer que só gostava que fôssemos menos burocráticos, mas quem não gostaria", descreveu a diretora do projeto Benfica Olímpico.
A responsável 'encarnada' descreveu ainda o novo herói do triplo salto nacional como humilde, apreciador de música e de filmes em casa, assinalando-lhe o "enorme sentido de humor".
"As prioridades para ele são sempre a família e a sua profissão, por esta ordem. É muito focado e disciplinado. Além dos títulos e das medalhas, tem um objetivo muito forte que é o de bater o recorde do mundo como cidadão português", vincou Ana Oliveira, salientando que face ao resultado alcançado em Tóquio: "Todos acreditamos que é possível".
Hoje, no Estádio Olímpico, juntou o seu nome a Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nelson Évora entre os campeões olímpicos portugueses, assegurando a melhor representação nacional em Jogos com a conquista de quatro medalhas, depois das subidas ao pódio de Patrícia Mamona, também no triplo, do judoca Jorge Fonseca, em -100 kg, e do canoísta Fernando Pimenta, em K1 1.000 metros.
"Parece fácil, parece", admitiu Pichardo, na zona mista do recinto olímpico de Tóquio, após a qualificação, quando admitiu que tinha nas pernas um salto superior a 18 metros. Não chegou a passar a marca, mas, mais uma vez, pareceu fácil.
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