Sábado – Pense por si

Peritos sugerem novos caminhos face a quebra nos transplantes

Sociedade Portuguesa de Transplantação manifesta preocupação com a diminuição do número de transplantes, apesar de considerar que era expectável face ao envelhecimento da população.

A Sociedade Portuguesa de Transplantação manifesta preocupação com a diminuição do número de transplantes, apesar de considerar que era expectável face ao envelhecimento da população, e alerta para a necessidade de encontrar caminhos alternativos.

Entre as alternativas pode estar a promoção de ações que sensibilizem dadores vivos para doação em caso de transplante renal e o aumento dos profissionais nas unidades de cuidados intensivos, exemplificou em declarações à agência Lusa a presidente da Sociedade, Susana Sampaio.

A responsável reconhece que a descida da atividade da transplantação em Portugal era expectável, dado o envelhecimento da população, que reduz a qualidade dos órgãos doados para transplante.

"Isto causa preocupação, porque pode acentuar-se o número de doentes em lista de espera [por um órgão]", afirmou a médica.

Segundo dados nacionais relativos a 2018 hoje revelados, houve menos 102 transplantes em comparação com 2017, sendo a média de dadores no ano passado de 57,3 anos.

"É uma média elevada e que tem aumentado muito. Significa que teremos dadores com mais de 70 ou mais de 80 anos", refere a presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação.

Susana Sampaio frisa que é necessário encontrar alternativas, com a promoção de ações de sensibilização da população para "promover a doação em vida", no caso dos transplantes de rim, que são a larga maioria dos que se realizam em Portugal e também no resto do mundo.

É também necessário, segundo a médica, aumentar as equipas e apostar em recursos humanos que permitam que os profissionais tenham tempo e estejam mais atentos a potenciais dadores, nomeadamente nos cuidados intensivos.

Aliás, as campanhas de sensibilização deviam também passar pelos profissionais de saúde, de forma a que possam ajudar a sinalizar doentes que possam ser dadores.

A presidente da Sociedade de Transplantação defende que Portugal deve também começar a discutir o eventual aumento dos transplantes em dador falecido e em paragem cardiocirculatória.

Atualmente, já se colhem e doam órgãos da parte de um dador falecido em paragem cardiocirculatória após tentativa falhada de reanimação.

Susana Sampaio entende que a comunidade científica e médica deve começar a discutir a possibilidade de legislar para que possam ser dadores de órgãos os doentes sem potencial de recuperação e que morrem depois da suspensão de suporte de funções vitais.

Em Portugal não há ainda base legal para que estes doentes sejam dadores de órgãos, apesar de isso já acontecer noutros países, como em Espanha.