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Operação Babel: João Pedro Lopes conta que deu relógios a ex-vice de Gaia para "marcar pontos"

Lusa 11 de fevereiro de 2025 às 17:25
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"Os relógios não eram para decidir o que quer que fosse a nosso favor, era apenas um reconhecimento", descreveu em tribunal o advogado.

O advogado João Pedro Lopes referiu hoje que os relógios que ofereceu ao ex-vice-presidente da Câmara de Gaia, em prisão preventiva no âmbito da Operação Babel, foi uma forma de "marcar pontos" e não de obter qualquer favorecimento.

Marc Ricardo Silva/CMTV

"Era uma forma de marcar pontos, ficarmos bem vistos perante o senhor vice-presidente e agradecermos toda a paciência que tinha connosco", disse hoje o arguido na Operação Babel, perante o coletivo de juízes do Tribunal de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.

E acrescentou: "Os relógios não eram para decidir o que quer que fosse a nosso favor, era apenas um reconhecimento".

"Era uma prenda de Natal, um ato social. Regra geral, é costume termos almoços com vereadores e oferecer almoços, o engenheiro Patrocínio não fazia isso. Achei que era importante no final do ano dar-lhe uma prenda", esclareceu João Pedro Lopes.

A Operação Babel, relacionada com a alegada viciação e violação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanísticos em Gaia, tem 16 arguidos, incluindo Patrocínio Azevedo, os empresários do ramo imobiliário Paulo Malafaia e Elad Dror, fundador do grupo Fortera, acusados de dezenas de crimes económicos, como corrupção e tráfico de influências.

O Ministério Público (MP) sustenta que Elad Dror e Paulo Malafaia "combinaram entre si desenvolverem projetos imobiliários na cidade de Vila Nova de Gaia, designadamente os denominados Skyline/Centro Cultural e de Congressos, Riverside e Hotel Azul", contando com o alegado favorecimento por parte do antigo vice de Gaia, que receberia em troca dinheiro e bens materiais como relógios.

Segundo o MP, o advogado João Pedro Lopes, igualmente arguido neste processo, fazia a ponte de Paulo Malafaia e Elad Dror com Patrocínio Azevedo.

João Pedro Lopes recordou que ofereceu três relógios ao ex-vice-presidente em 2019, 2020 e 2021, relógios que foram comprados com o dinheiro do empresário Paulo Malafaia, igualmente em prisão preventiva no âmbito deste processo.

"Se houvesse um pacto corruptivo com Patrocínio, que sentido tinha dar-lhe um relógio no Natal?", questionou.

Contudo, o arguido contou que, em meados de 2022, Patrocínio Azevedo devolveu-lhe os relógios depois de ter percebido o valor daqueles.

"Depois, guardei os relógios no meu cofre, mas nunca os usei na vida", garantiu.

Ainda em 2022, Paulo Malafaia transferiu-lhe dinheiro para comprar um novo relógio para Patrocínio Azevedo, mas como o então vice-presidente recusava aceitar nova prenda, fez compras para si.

"O senhor Paulo Malafaia disse para ficar com o dinheiro e eu comprei depois um relógio para mim e outro para a minha mulher", sustentou.

Já sobre como gastou o dinheiro que recebeu dos empresários, o advogado contou que, entre 2019 e 2022, comprou seis carros.

"Foi uma loucura da minha parte", admitiu, acrescentando ter tido a crise dos 50 anos antes dos 50.

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