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Novo bispo auxiliar de Lisboa assume vocação de "fazer pontes"

31 de março de 2019 às 20:58
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O bispo Américo Aguiar afirmou-se durante a cerimónia de ordenação episcopal como um homem de "pontes".

O bispo Américo Aguiar, hoje ordenado bispo auxiliar de Lisboa, afirmou-se durante a cerimónia de ordenação episcopal como um homem de "pontes", garantindo que continuará sempre "matrimonialmente ligado à diocese do Porto".

"Há bocadinho entreguei ao sr. presidente da Câmara [do Porto] um anel de bispo, deixei-lhe este símbolo para dizer ao Porto que me sinto matrimonialmente ligado à minha amada diocese do Porto, ninguém troca nada por nada", disse Américo Aguiar às muitas centenas de pessoas -- entre as quais o primeiro-ministro, António Costa - que compareceram na Igreja da Santíssima Trindade, na cidade invicta, para assistirem à sua ordenação.

Afirmando que sempre se sentiu "muito bem a fazer pontes", o bispo recordou, numa curta intervenção de cinco minutos já no final da cerimónia de ordenação, que teve a duração de duas horas: "Quando era jovem e me meti na política fiz pontes entre a direita e a esquerda, depois fiz pontes entre o Porto e Lisboa, ando a fazer pontes entre o Benfica e o Porto, e penso que uma das nossas vocações é verdadeiramente estabelecermos pontes, não sermos construtores de muros, de obstáculos", sustentou.

Uma ideia corroborada pelo primeiro-ministro, António Costa, que à saída da Igreja da Trindade, descreveu também Américo Aguiar como "um homem de pontes". "E bem precisamos", disse, acrescentando: "Como disse D. Américo, é preciso muitas pontes".

Algum tempo antes, questionado pelos jornalistas à entrada para a cerimónia, o chefe de Governo disse ter "o privilégio de ser amigo" de Américo Aguiar, por quem nutre "grande estima e admiração" e a quem fez "votos das maiores felicidades nas novas funções".

Relativamente à sua ida para Lisboa, o novo bispo apontou as "culpas" ao Papa Francisco -- que o nomeou no passado dia 01 de março e assumiu que o foi "buscar ao Porto" - mas sobretudo a "D. Manuel Clemente [antigo bispo do Porto e atual cardeal patriarca de Lisboa] e mais alguns".

Embora sem se referir diretamente à morte da sua mãe, que ocorreu na véspera da ordenação e cujo funeral decorreu hoje de manhã, Américo Aguiar assumiu que "nestes dias" ficou "a saber que Nosso Senhor não brinca em serviço": "Quando decidi escolher o tema 'In manus Tuas' [Nas tuas mãos] não tinha consciência do que ia passar nestas 24 horas. E entendi que 'In manus Tuas' se é para levar a sério, é para levar a sério", disse.

Garantindo ter "o Porto e Lisboa no coração", o novo bispo despediu-se dos presentes com um "até um dia destes, um abraço, muito obrigado", terminando a intervenção precisamente com o lema episcopal que escolheu: 'In manus Tuas', as últimas palavras de Jesus na cruz, em homenagem ao antigo bispo do Porto António Francisco dos Santos, que o adotou também.

Américo Aguiar, de 45 anos, foi hoje ordenado bispo auxiliar de Lisboa, com o título de Dagno, trinta dias após ter sido nomeado pelo Papa Francisco, a 01 de março.

O novo bispo era membro do presbitério da diocese do Porto e preside, desde 2016, ao Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia e, nos últimos oito anos, à Irmandade dos Clérigos, na cidade invicta.

Natural de Leça do Balio, em Matosinhos, ingressou no seminário em 1995 e foi ordenado presbítero em 2001, pelo então bispo do Porto, Armindo Lopes Coelho.

Américo Aguiar é licenciado em Teologia e mestre em Ciências da Comunicação, ambas pela Universidade Católica Portuguesa.

Entre 2004 e 2015 foi vigário geral e chefe do Gabinete de Informação da Diocese do Porto, tendo ainda sido chefe de gabinete dos bispos do Porto Armindo Lopes Coelho, Manuel Clemente e António Francisco dos Santos e capelão-mor da Misericórdia do Porto.

Em 2017 foi nomeado cónego do Cabido Portucalense.

Atualmente, o novo bispo auxiliar de Lisboa é também diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, e é um dos responsáveis pela organização da Jornada Mundial da Juventude que vai decorrer em Lisboa, em 2022.