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Lidl acusada de violar direitos do trabalho

02 de junho de 2016 às 15:22
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Várias organizações não-governamentais lançaram uma campanha para denunciar violações dos direitos humanos nas plantações de fruta tropical, que fornecem hipermercados como a cadeia alemã Lidl

Um relatório da ONG internacional Oxfam Deutschland sobre a indústria da banana no Equador e do ananás na Costa Rica, designadoFruta doce, verdade amarga, atribui responsabilidades pelas condições desumanas nas plantações a vários supermercados alemães, entre os quais o Lidl, por forçarem a descida de preços pagos aos produtores e fornecedores.

"Enquanto as cadeias de supermercados verificam meticulosamente o aspecto e aparência da fruta importada, recusando o fornecimento de grandes quantidades ao mais pequeno defeito, encaram os critérios sociais e ecológicos de forma menos séria", critica a Oxfam, num resumo do relatório divulgado pelo IMVF.

Oxfam aponta ainda "diversas violações aos direitos humanos e direitos laborais na indústria do ananás na Costa Rica e na indústria da banana no Equador", além do uso intensivo de pesticidas que prejudicam os trabalhadores das plantações e das pessoas que habitam nas proximidades.

Entre as 20 plantações investigadas no Equador, a Oxfam destaca o caso da empresa Matías, fornecedora do Lidl, na qual 90% dos trabalhadores declararam não querer formar um sindicato por medo de represálias.

Na Costa Rica, os trabalhadores filiados nos sindicatos são frequentemente afastados - como na Agricola Agromonte, que produz para as cadeias alemãs LidlEdeka e Rewe.

Também na Costa Rica, os trabalhadores da Finca Once, que fornece o Lidl e na Agricola Agromonte, que abastece o AldiEdeka e Rewu relataram condições laborais precárias.

Em Portugal, o projecto Fruta Tropical Justa, que envolve 19 parceiros de 17 Estados-membros da União Europeia, é coordenado pelo Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) que lançou a petiçãoLidl, queremos um jogo justo para promover a melhoria das condições de vida e económicas dos trabalhadores e o comércio justo.

Ana Mónica, técnica de projecto do IMVF, salientou que o Lidl faz parte do grupo Schwarz, a maior empresa de retalho da Europa, pelo que tem um impacto muito grande nas cadeias de abastecimento mundial.

"Qualquer mudança nas suas práticas vai-se reflectir em todos os aspectos desta cadeia", considerou, acrescentando que embora o Lidl já comercialize alguns produtos de comércio justo, "o que é positivo", não o faz com a fruta tropical.