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Índia quer deixar de proibir testes para saber sexo do bebé

12 milhões de meninas não nasceram nas últimas três décadas no país, indica um estudo. Ministra quer acompanhar a evolução da gravidez das mulheres

Maneka Gandhi (na imagem), a ministrado Desenvolvimento das Mulheres e da Criança da Índia, propôs a introdução de testes pré-natais obrigatórios para determinar o sexo do bebé na tentativa de conter os níveis preocupantes de abortos.

Os testes pré-natais para determinar o sexo do bebé são oficialmente ilegais na Índia, uma política delineada para travar os abortos de fetos do sexo feminino por parte de pais que pretendiam um rapaz.

Contudo, num discurso ao final do dia de segunda-feira, a ministra Maneka Gandhi defendeu que seria uma estratégia muito mais eficaz conhecer o sexo do feto no início da gravidez e, em seguida, acompanhar de perto a sua evolução.

"O meu ponto de vista pessoal vai no sentido de uma mudança da actual política. Deve ser obrigatoriamente dito a todas as mulheres grávidas se é menino ou menina", disse Maneka Gandhi. "Quando uma mulher engravida isso deveria ficar registado de modo a que seria capaz de monitorizar de forma adequada até ao final, se ela deu à luz ou se não e o que aconteceu", realçou.

Os pais e os médicos arriscam uma pena de até cinco anos por perguntarem ou por realizarem testes pré-natais para determinar o sexo do bebé, apesar de essa prática ser generalizada.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, pediu ao país para parar de matar fetos do sexo feminino, advertindo que o desequilíbrio em termos de género terá graves consequências.

Um estudo publicado na revista britânicaThe Lancetem 2011 descobriu que até 12 milhões de meninas não nasceram nas últimas três décadas na Índia.

A Índia tem 940 mulheres para cada mil homens, segundo os dados dos mais recentes censos, publicados em 2011, mais do que as 933 de 2001, uma tendência que justifica, na opinião de alguns sectores, a actual proibição dos testes pré-natais para detectar o sexo do feto.