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Cerca de 580 mortos em ataques jihadistas no Mali em 2020

As Nações Unidas apelaram às autoridades malianas para que abram rapidamente "investigações exaustivas, imparciais e independentes" sobre a violência.

A violência no centro do Mali devido a ataques ‘jihadistas’, conflitos intercomunitários e abusos das forças de segurança matou 580 pessoas desde janeiro, anunciaram hoje as Nações Unidas.

Numa declaração, a Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, apelou às autoridades malianas para que abram rapidamente "investigações exaustivas, imparciais e independentes" sobre a violência.

"O círculo vicioso de ataques de retaliação entre as milícias dogon e peul, associado a violações e abusos cometidos pelas Forças de Defesa e Segurança malianas e grupos armados, criou uma situação de insegurança crónica para a população civil, que não pode contar com a proteção das forças malianas", disse Bachelet, no comunicado.

"As pessoas precisam de justiça e de ser indemnizadas", acrescentou a responsável, apelando ao fim da impunidade.

De acordo com a ONU, os conflitos violentos entre as comunidades peul e dogon, no centro do Mali, têm aumentado nos últimos meses.

De 01 de janeiro a 21 de junho, a Missão Multidimensional de Estabilização Integrada no Mali (Minusma) registou 83 incidentes de violência intercomunitária na região de Mopti (centro).

As milícias pertencentes à comunidade peul foram responsáveis por pelo menos 71 destes incidentes violentos, resultando na morte de 210 pessoas, enquanto que as milícias da comunidade dogon perpetraram 12 ataques, resultando em pelo menos 82 mortes.

Vários grupos, sobretudo ligados à Al-Qaida, foram responsáveis por 67 mortes desde o início do ano na região de Mopti, de acordo com a Minusma.

Membros das Forças de Defesa e Segurança do Mali (FDSM) enviados para a região para combater a violência comunitária e os próprios grupos armados têm sido implicados em violações dos direitos humanos, visando principalmente membros da comunidade peul, de acordo com a ONU.

Neste período, a Minusma registou 230 execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias atribuídas a membros do FDSM nas regiões centrais de Mopti e Ségou.