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Último Recurso acusa Ministério do ambiente de os excluir da delegação da COP29

Lusa 07 de novembro de 2024 às 15:58

A rejeição foi feita apesar das tentativas de diálogo desde junho, que incluíram "duas reuniões, mais de 60 chamadas (90% das quais não atendidas) e mais de 20 contactos informais".

A Último Recurso, uma associação jovem pela justiça climática, acusou hoje o Ministério do Ambiente de os excluir da delegação portuguesa para a conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP29), o principal fórum climático internacional.

AP Photo/Sergei Grits

O pedido de acreditação da Associação Último Recurso para participar na COP29, que realiza em Baku, Azerbeijão, foi indeferido pelo Ministério do Ambiente e Energia, cinco dias antes do início da conferência, "fora do prazo útil para solicitar os vistos para viajar", afirma a Associação por comunicado.

Segundo a organização, a rejeição foi feita apesar das tentativas de diálogo desde junho, que incluíram "duas reuniões, mais de 60 chamadas (90% das quais não atendidas) e mais de 20 contactos informais".

A Lusa já solicitou esclarecimentos ao Ministério do Ambiente e Energia e não obteve resposta.

A associação acrescenta que, em agosto, a Último Recurso também ficou fora do processo de candidatura para apresentar atividades no Pavilhão de Portugal, "um espaço que deveria ser representativo de diversidade de vozes e abordagens do país".

A presidente e fundadora da Associação Último Recurso, Mariana Gomes, sublinhou, em comunicado: "A exclusão sistemática dos jovens destes espaços de decisão representa uma afronta aos princípios democráticos e uma violação dos compromissos assumidos por Portugal na promoção da participação da juventude em políticas climáticas".

Para Mariana Gomes "é inconcebível que, num momento em que a crise climática exige ação e inclusão, as vozes mais interessadas no futuro sejam silenciadas".

A associação destaca que as decisões de exclusão "contrariam o compromisso do Governo português para incluir os jovens na discussão do Orçamento de Estado de 2025, com programas de educação ambiental em escolas e associações e a participação ativa em projetos de sustentabilidade".

Para a Último Recurso, a decisão do Ministério do Ambiente e da Energia está a limitar o envolvimento jovem nos fóruns internacionais, onde se realizam as decisões sobre o futuro, o que, segundo o comunicado, mostra que "o envolvimento também é preciso nos processos de decisão e não está garantido".

A 29º Conferência das Partes, que decorrerá entre 11 e 22 de novembro no Azerbaijão, é um dos principais eventos na luta global contra as alterações climáticas.

A Associação destacou que em 2023 a delegação portuguesa contou com dois representantes da Galp e dois da PRF Gás Solutions, empresas ligadas aos combustíveis fósseis, "em contraste, a Último Recurso, uma voz independente e comprometida com a justiça climática, foi deixada de fora [em 2024]."

"Forçada a integrar as delegações de outros países para participar", esta delegação jovem será composta por Mariana Gomes, presidente e fundadora da Último Recurso; Bárbara Costa, coordenadora de comunicação; Débora Pereira, especialista em formação e desenvolvimento, e Mariana Fernandes, assistente de políticas.

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