Rússia ataca Síria com mísseis de longo alcance
Ministro da Defesa russo garante que atingiram alvos do Estado Islâmico. Turquia contradiz essas informações e EUA censuram acção militar
A Rússia lançou 26 mísseis de longo alcance contra 11 alvos na Síria. Segundo Sergei Shoigu, o ministro da Defesa da Rússia que é citado pela CNN, foram enviados por quatro navios que se encontram no Mar Cáspio. Os mísseis atravessaram cerca de 1500 quilómetros até atingirem os seus alvos: todos do Estado Islâmico, de acordo com a Rússia.
Esta operação marca a cooperação militar entre a Rússia e a Síria. A mesma fonte adianta que os dois países estão a realizar ataques coordenados contra várias cidades nas províncias de Hama e Idlib.
Estas movimentações militares foram censuradas pelos EUA. Ashton Carter, secretário da Defesa dos EUA, garantiu ontem em Roma que a campanha de ataques aéreos contra a Síria é um erro fundamental e que os EUA não irão cooperar com a Rússia.
Porém, Anatoly Antonov, o vice-ministro da Defesa da Rússia, afiançou que os dois países estavam a cooperar, afinal, e que a Rússia teria acesso a informações sobre o Estado Islâmico recolhidas pela coligação de países chefiada pelos Estados Unidos.
Andrey Kartapolov, que encabeça o Directório de Operações Principais do Secretariado-Geral das forças armadas russas, afirmou ao Russia Today que a "5 e a 6 de Outubro, os serviços secretos da Rússia localizaram vários objectivos do Estado Islâmico que deveriam ser imediatamente aniquilados".
Entretanto, também há uma guerra de números. Segundo a CNN, o primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu afirmou que só 3,5% dos ataques aéreos da Rússia levados a cabo até agora foram contra alvos do Estado Islâmico. Já o embaixador da Síria na Rússia, Riad Haddad, avança que 40% da infraestrutura do Estado Islâmico foi destruída.
Hollande alerta Parlamento Europeu para risco de "guerra total"
O Presidente francês, François Hollande, defendeu hoje, perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, que o desenlace do conflito na Síria determinará por muito tempo os equilíbrios em todo o Médio Oriente, e advertiu para o risco de "uma guerra total".
Numa intervenção na assembleia europeia, juntamente com a chanceler alemã, Angela Merkel, Hollande justificou a intervenção militar francesa na Síria sustentando que o conflito extravasa as fronteiras daquele país, e ameaça chegar mesmo a território europeu.
"O que está lá em jogo (na Síria) determinará por muito tempo os equilíbrios em toda a região do Médio Oriente, e se deixarmos os conflitos religiosos, e entre sunitas e xiitas, amplificarem-se ainda mais, não pensemos que estaremos ao abrigo: será uma guerra total, e que poderá afectar o nosso próprio território. E por isso temos que agir", disse, no plenário.
Segundo Hollande, "a França assumiu as suas responsabilidades militares face à ameaça, e toda a Europa deve comprometer-se no plano humanitário, político e diplomático", para "construir um futuro político na Síria, que dê à população outra alternativa" que não o actual Presidente Bashar al-Assad nem a organização terrorista Estado Islâmico.
Numa intervenção centrada na questão do terrorismo, François Hollande reiterou que o Estado Islâmico e os jihadistas constituem uma ameaça para toda a Europa, mas insistiu que também é necessário afastar de qualquer solução política o actual Presidente sírio, pois "o regime de Bashar al-Assad criou e continua a alimentar este desastre, e ainda hoje ele bombardeia, mata e massacra".
O conflito na Síria, que começou em Março de 2011, já provocou mais de 240 mil mortos, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
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