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Rui Tavares diz que é "urgente" criar uma democracia europeia

18 de novembro de 2019 às 12:57

"Só como uma democracia europeia podemos falar frente a frente com Trump ou Putin", defendeu o historiador e fundador do partido Livre.

O historiador e fundador do partidoLivreRui Tavares defendeu hoje que é "possível" e "urgente" criar uma democracia europeia para o continente "falar frente a frente comTrumpouPutin".

"É possível criar uma democracia europeia e neste momento é urgente. Porque só como uma democracia europeia, que seria a maior democracia transnacional do mundo e a segunda maior do mundo, a seguir à India, podemos falar frente a frente com [o presidente norte-americano] Trump ou [o presidente da Federação Russa] Putin", defendeu o historiador, em declarações à agência Lusa.

Rui Tavares, que participou no evento literário Arquipélago de Escritores, que terminou no domingo em Ponta Delgada, defendeu que sem o tipo de democracia "que serve à escala continental", a Europa será "um campo de despojos".

"Sem isso [uma democracia europeia], nós seremos um campo de despojos para o que eles [Trump e Putin] quiserem fazer com os nossos países que uns são pequenos e os outros ainda não perceberam que são pequenos", classificou.

O antigo eurodeputado relevou que a "ideia política" da Europa "tem cerca de 500 anos", o que permite uma "reivenção" do velho continente.

"Como ideia política tem cerca de 500 anos. Portanto, está sempre a ser reinventada. A importância que eu dou a termos noção dessas raízes (aquilo que Voltaire chamava à Europa uma grande república partilhada por vários estados) é de que é possível reinventar a política nesse continente. É possível reinventá-la num sentido de convivialidade, de tolerância, coexistência, de progresso e de prosperidade partilhada", destacou, acrescentando à lista de valores o "da responsabilidade perante o planeta".

Tavares defende que os valores descritos fazem parte da "promessa europeia", que ainda está por se cumprir.

"Por comparação ao sonho americano, nós poderíamos chamar a isso a promessa europeia. Uma promessa que está por cumprir e em cada uma das nossas gerações devemos tentar que ela se cumpra. Muitas vezes falha-se a esta promessa e quando se falha, as consequências são terríveis. A Europa já fez muita coisa muito má a si mesma e aos outros", apontou.

O fundador do Livre aponta a antiguidade da "ideia política da Europa" como oposição ao argumento de esta só surgiu apenas na sequência do pós-segunda guerra mundial, considerando a "falta de memória coletiva" como um problema "grave" da Europa atual.

"A falta de memória coletiva é um problema grave na Europa atual. Nós vemos no referendo do Brexit: quem é que votou pela Europa? Os jovens e os muito velhos, mas não os de 50 e 60 anos que têm uma ideia heroica do Reino Unido", disse, considerando que quanto mais está a memória "cristalizada na cabeça das pessoas", maior é a "noção da responsabilidade".

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