Processo presidencial está a arrasar a economia brasileira
Economistas ouvidos pela Bloomberg alertam sobre o valor dos activos e da economia do Brasil
As medidas económicas que o Governo brasileiro está a tomar enquanto combate o processo de destituição da Presidente Dilma Rousseff está a afundar o valor dos activos e da economia, alertam vários economistas ouvidos pela agência de notícias financeira Bloomberg.
"O Governo agora está totalmente focado na destituição, não na economia; a política orçamental está completamente descontrolada", disse o gestor de fundos da Leme Investments Paulo Petrassi, acrescentando que mesmo que Dilma Rousseff consiga sair vitoriosa do processo de destituição, ainda terá pouco apoio no Congresso e níveis de popularidade bastante baixos.
O Brasil enfrenta uma recessão que deverá encolher a economia em mais de 3,5% este ano, que se junta à do ano passado, e tem níveis de desemprego e de inflação à volta dos 10%, o que afecta de forma muito significativa o rendimento disponível das famílias.
O mercado sobrestimou a probabilidade de o processo de destituição ser rápido, acrescentou a economista Monica de Bolle, uma investigadora no Instituto Peterson, em Washington.
"Vale tudo" para o Governo, disse a analista, sublinhando o risco de uma deterioração orçamental devido ao aumento da despesa pública.
Para esta investigadora, o Executivo liderado por Dilma Rousseff tornou-se um "centro de negócios", trocando nomeações para cargos governamentais por apoio no Congresso contra o processo de destituição.
O plano para cortar os preços dos combustíveis, exemplificou, não é concretizável dada a "dramática situação" de liquidez na Petrobras, a petrolífera nacional envolvida num mega-escândalo de corrupção há anos.
O saldo negativo das contas do Estado ficou em Fevereiro nos 23 mil milhões de reais, o que corresponde a um défice de 2,11% do PIB, ainda antes do pagamento dos juros da dívida pública.
A dívida líquida do sector público alcançou 36,8% do PIB em Fevereiro, elevando-se um ponto percentual em relação ao mês anterior.
A dívida bruta do Governo geral - Governo Federal, Instituto Nacional de Segurança Social, governos estaduais e governos municipais - chegou a 67,6% do PIB, elevando-se 0,2 pontos percentuais face ao mês anterior.
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