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PR moçambicano aponta "esforço" da Rússia "para evitar o pior"

01 de junho de 2022 às 09:16

Perante a presidente do Conselho da Federação russa (Senado), Valentina Matviyenko, Filipe Nyusi declarou: "A Rússia está a fazer um esforço para evitar o pior", porque "poderia terminar a guerra em dois dias ou três, mas isso implicaria enormes [perdas de] vidas".

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apontou na terça-feira o "esforço" da Rússia "para evitar o pior" na guerra com a Ucrânia, como um caminho para a paz no conflito.

O chefe de Estado falava em Maputo, citado pelos meios de comunicação estatais, após receber a presidente do Conselho da Federação russa (Senado), Valentina Matviyenko, que se encontra de visita a Moçambique.

"Disse muito bem aqui [a presidente do Senado] que a Rússia está a fazer um esforço para evitar o pior", porque "poderia terminar a guerra em dois dias ou três, mas isso implicaria enormes [perdas de] vidas", disse Nyusi.

"E esse princípio deve ser o mesmo a guiar" um processo de diálogo, "para ver se se consegue chegar a uma solução", referiu o chefe de Estado moçambicano.

Nyusi acrescentou: "Nós continuaremos a dar a nossa contribuição para que o diálogo funcione. Estaria disposto até, a qualquer momento, se for preciso, dar a nossa influência mínima que seja, humilde ou singela" para que "essa situação termine".

"Nós temos a esperança de que, com os esforços e vontade do seu país [Rússia], o diálogo será a via ideal. Naturalmente que isso tem de ser correspondido. E se tivéssemos oportunidade de falar com a outra parte, a mensagem seria essa mesmo: deixar as diferenças e discutir as soluções", referiu.

Os impactos da guerra são globais, destacou o chefe de Estado.

"As carências aumentam", incluindo no país que governa, levando a um aumento da inflação, "e as populações nem sempre percebem que isso é o resultado de uma guerra" que não se passa em África, "muito menos em Moçambique".

Valentina Matviyenko aludiu às sanções aplicadas a Moscovo, ao falar dos "bloqueios" às cadeias mundiais de logística, referindo que "prejudicam a Rússia, mas também a economia mundial", traduzindo-se em aumentos "dos preços dos combustíveis e alimentação".

"Estamos a dispostos a fornecer trigo, mas tudo foi bloqueado", acrescentou.

"Paralelamente, tínhamos as conversações com a Ucrânia para assinar os acordos de paz, fizemos recuar as tropas de Kiev e foi preparado aquele acordo [de cessar-fogo], mas a condição era que a Ucrânia fosse território neutro", referiu Matviyenko, citada pela Televisão de Moçambique (TVM).

Valentina Matvienko, a terceira figura do Estado russo, está em Moçambique em resposta a um convite feito em outubro de 2021 pela presidente da Assembleia da República moçambicana, Esperança Bias, no âmbito da relação entre órgãos parlamentares.

Ambas assinaram na terça-feira um acordo de cooperação entre os dois parlamentos, incidindo na troca de experiências e partilha de informações.

A presidente do Conselho da Federação russa foi ainda recebida na terça-feira pelo primeiro-ministro moçambicano, Adriano Maleiane.

Matviyenko é uma das personalidades russas submetidas a sanções pelos Estados Unidos da América e União Europeia (bens congelados e sem direito a visto) desde 2014 devido ao seu papel na anexação da região ucraniana da Crimeia pela Rússia.

Moçambique foi um dos 38 países que se absteve na votação da Assembleia-Geral das Nações Unidas, onde uma esmagadora maioria aprovou uma resolução responsabilizando a Rússia pela crise humanitária na Ucrânia devido à guerra.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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