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Passos desmente que tenha recusado discutir perdão à dívida grega antes das legislativas

22 de julho de 2015 às 17:05

Passos Coelho nega que a sua oposição a uma discussão prévia sobre a situação do governo helénico se deva às futuras eleições legislativas

O primeiro-ministro português considerou esta quarta-feira que "deve haver alguma confusão do presidente da Comissão Europeia" ao ter afirmado que Portugal se opôs a que um alívio da dívida pública grega fosse discutido antes das eleições legislativas.

 

"Deve haver alguma confusão do presidente da Comissão Europeia. De facto é verdade que a Irlanda, Espanha e Portugal solicitaram que a discussão sobre as condições a oferecer à Grécia para melhorar o seu perfil de dívida pudessem ocorrer após uma primeira avaliação completa e bem-sucedida, porque isso nos parece importante para criar condições de confiança entre todos, para que essa discussão tenha lugar", afirmou o primeiro-ministro.

 

Pedro Passos Coelho disse hoje em Lisboa, em resposta a perguntas dos jornalistas, que o que estava previsto era que as negociações ocorressem no final de Outubro.

 

"Isso não tem nada que ver com cadernos eleitorais na medida em que aquilo que estava inicialmente previsto até era que isso pudesse ter lugar em Outubro, manifestamente depois das eleições em Portugal", sublinhou.

 

O primeiro-ministro disse que uma avaliação "completa e bem-sucedida" da situação na Grécia é "indispensável" para que quer a União Europeia quer a zona euro possam "oferecer melhores condições à Grécia quer para reembolso dos empréstimos quer em termos de carência de juros".

 

"Sem isso o objectivo de poder ter o FMI (Fundo Monetário Internacional) a integrar também este terceiro programa de ajuda à Grécia não poderá ocorrer", salientou.

 

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, revelou, numa entrevista ao diário belga Le Soir, hoje publicada, que Portugal se opôs a que um alívio da dívida pública grega fosse discutido antes das eleições legislativas.

 

Numa entrevista focada nas longas negociações com a Grécia, que segundo o presidente do executivo comunitário só terminaram com um acordo devido ao "medo", Juncker, questionado sobre a questão da (in)sustentabilidade da dívida grega, revelou que, pessoalmente, pretendia que uma discussão sobre a questão tivesse ficado desde já agendada para Outubro, ideia que mereceu a oposição de Irlanda, Espanha e Portugal.

 

A elevada dívida pública da Grécia, que representa cerca de 180% do PIB, ou seja, quase o dobro da riqueza produzida, foi uma das questões mais polémicas ao longo das longas negociações entre Atenas e os credores internacionais, dividindo mesmo as instituições, com o Fundo Monetário Internacional a reclamar um alívio ou mesmo perdão parcial da dívida, que classifica da insustentável, algo que é rejeitado por países como a Alemanha.

 

No compromisso finalmente acordado a 13 de Junho, na cimeira da zona euro, sobre um terceiro programa de assistência à Grécia, ficou consagrado que a questão da dívida - que poderá vir a ser aliviada através de um prolongamento dos prazos de pagamento e redução dos juros aplicados - será analisada apenas depois da primeira avaliação ao terceiro programa de assistência, se esta for satisfatória.

 

Portugal e Espanha têm eleições legislativas este ano, sendo que, no caso português, a data do sufrágio terá de se realizar entre 14 de Setembro e 14 de Outubro, a qual será hoje anunciada pelo Presidente da República.

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